Com o objectivo de estudar e analisar a realidade contemporânea de Angola no que concerne à história, economia, cultura, sociedade e política, Sandra Poulson é a única angolana a representar o país no Prémio Mullen Lowe Nova Awards 2020.
Formada recentemente no Reino Unido, a designer de moda e estamparia que está entre as 14 finalistas disse à Chocolate Lifestyle que a sensação é maioritariamente de gratidão e orgulho por saber que todo o trabalho que desenvolveu pode agora ser partilhado com o mundo, permitindo expandir as conversas iniciadas pelo projecto para além das pessoas que naturalmente já teriam acesso ao mesmo.
“Agora que os resultados do prémio foram anunciados e fiquei a saber que fui a vencedora do primeiro prémio Mullen Lowe Nova 2020, também venci o prémio de projecto mais votado pelo público Your Nova Award 2020. A sensação é de alegria, gratidão e vontade de continuar a trabalhar”, partilhou a artista de 25 anos.
Sandra Poulson explicou que o projecto com o qual concorreu ao prémio chama-se ‘An Angolan Archive’, um arquivo digital e físico.
“Um Arquivo Angolano é uma colecção de aproximadamente 200 materiais de pesquisa no formato de instalação, vídeo, som, texto, fotografia, carpintaria, desenho e estamparia… O projecto tem muito interesse em redefinir os pontos de referência que nos podem permitir continuar a progredir como sociedade e daí propõe a tarefa da descolonialidade, desafiando a herança colonial, encorajando práticas e nossas formas de pensar”, esclareceu.
Como concorrente sente muita responsabilidade em dar o seu melhor e contribuir de forma progressiva para como se vêem as questões abordadas no projecto.
“Acredito que estou só a fazer o meu dever, que esta nomeação e o prémio sirvam um pouco de evidência e inspirem outras pessoas a fazerem a sua parte. An Angolan Archive é um entre muitos gestos necessários de angolanos no seio da arte contemporânea, moda ou cultura no geral. É um orgulho muito grande ser nomeada para este prémio e poder garantir a presença de pelo menos um angolano entre os finalistas, mas acredito que a acção e o trabalho colectivo são o que realmente representa o país”, descreveu a criadora, recordando que tudo começou com uma viagem de pesquisa em Agosto de 2019 em Luanda: “eu passei um mês a navegar a cidade com os meus amigos Hélio Buite e Raul Gourgel enquanto trabalhávamos em documentação e produção de protótipos com vários artesãos na Chicala. A documentação em vídeo, fotografia e som confere uma colecção de cerca de 3000 itens de informação que eventualmente se transformam na base de dados para o arquivo”, contou a jovem criativa em moda desde 2012.
Sandra Poulson exibiu a sua primeira colecção no Moda Luanda pela marca Uver, em colaboração com Débora Silva, no mesmo ano participou no Angola Fashion Week e em 2013 voltou ao Moda Luanda.
“Estudei design entre 2013-2020, o que fez com que a minha progressão tenha sido muito marcada por métodos e técnicas das escolas de moda que frequentei. No entanto, sempre vi o design de moda como mais uma ferramenta que utilizo para analisar questões relacionadas com tensões históricas e contemporâneas da cultura, economia e política que tenho curiosidade em investigar na minha prática como artista inter-disciplinar”, finalizou.
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