
“Sendo o único representante de Angola nesta bienal, o dever e sentido de carregar os valores de um povo e cultura é elevado. Ainda que esta edição seja focada nos artistas e as suas práticas, não deixa de ser um importante espaço para alargar a presença representativa de Angola e dos angolanos”, disse Januário Jano, citado pelo Jornal de Angola.
O artista plástico Januário Jano consta da lista das presenças seleccionadas para a 35ª edição da Bienal de São Paulo, onde a sua obra ficará exposta durante o período que esta decorrer, de 6 de Setembro a 10 Dezembro, podendo ser visitada por milhares de pessoas.
Esta será a primeira vez que o artista angolano participa na Bienal de São Paulo, alimentando deste modo várias expectativas à volta desta edição, que tem como tema central a “Coreografia do Impossível”, apresentando uma proposta temática que abarca possibilidades para a reflexão do presente, futuro e passado, com ênfase no pensamento e práticas ancestrais de diferentes geografias.
Januário Jano explica que o convite para estar presente na bienal foi formulado pela equipa de curadoria, formada pela artista e escritora portuguesa Grada Kilomba, pelo espanhol Manuel Borja-Villel, ex-director do Museu Reina Sofía (Madrid) e pelos brasileiros Diane Lima (curadora independente) e Hélio Menezes (crítico e pesquisador).
“Irei apresentar uma instalação fotográfica com o título ‘Baptismo’. É uma obra concebida em 2019, mas que só agora será exibida pela primeira vez. A obra é parte de uma série em andamento, iniciada em 2016, que questiona as dinâmicas da identidade e produção culturais, explorando com a mesma complexidade as nuances da imposição cultural, permitindo uma reflexão sobre as ideias de pertença e do ‘eu’, com tentativas de subversão do status quo por meio de exploração das narrativas históricas e contemporâneas num contexto da crescente interdependência das economias, culturas e populações globais”, afirmou.
Sobre a sua presença na 35ª edição da Bienal de São Paulo, conta que lhe agrada a hipótese de um delicado equilíbrio entre a ficção e a realidade, alimentada por uma preocupação crescente relacionada com a coexistência entre os humanos, movidos pelo desejo de criar uma correlação viável no tempo e no espaço.
“Dos vários passos e caminhos para a internacionalização da arte e prática dos artistas angolanos, passa por uma presença constante nestes eventos e projectos internacionais, onde existe espaço de diálogo com outras culturas e povos. A Bienal de São Paulo é uma das mais importantes das bienais existentes, o seu posicionamento transcende culturas e geografias. Assim sendo, a presença de um artista angolano na mesma é sempre importante”, conclui.
Sobre o autor
Artista visual nascido em Angola, Januário Jano vive e trabalha entre Luanda, Londres e Lisboa. Com uma prática multidisciplinar, o artista trabalha principalmente com escultura, instalação (vídeo, fotografia, som) e performance. O seu trabalho foca-se na identidade cultural e pessoal para explorar narrativas históricas e contemporâneas. Detém um mestrado em Belas Artes pela Goldsmiths University de Londres.
Encantado com a hipótese de um delicado equilíbrio entre ficção e realidade, a sua prática artística reflecte sobre as ideias de casa e de si mesmo, desafiando constantemente as narrativas históricas e contemporâneas no contexto da crescente interdependência das economias, culturas e populações do mundo. Januário Jano tem interesse em aprofundar a investigação sobre a produção cultural e a identidade.
A obra de Januário já foi exposta internacionalmente e faz parte de notáveis colecções públicas e privadas. O seu compromisso com o envolvimento cultural e social levou-o a fundar o Pés Descalços, um colectivo cultural e filantrópico focado no desenvolvimento e promoção de projectos artísticos e culturais em Angola e organizador do TEDxLuanda.
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