Fotografias, postais, documentos oficiais, telegramas e selos impressos em tecido, tela e cartão. A exposição a solo “Olhar do Outro”, que abre ao público na próxima quinta-feira na Jahmek Contemporary Art, é uma reinterpretação do valor simbólico de papéis e imagens da época colonial em Angola, que jaziam no arquivo pessoal do fotógrafo Délio Jasse.
“Esta é a minha história da mentira que nos é contada”, declara o artista, que tenta desvendar, para além do cariz político inerente ao material exposto, “de que forma a relação da sociedade angolana com a auto-imagem evoluiu desde então, em termos de transparência, produção e reflexão”, descreve Gisela Casimiro no texto de apresentação de “Olhar do Outro”.
Na galeria Jahmek Contemporary Art, onde regressa depois da exposição individual “Nova Lisboa” (2018), Délio Jasse confirma a mestria do seu trabalho fotográfico que explora a relação entre imagem e memória. Com um percurso longo, o artista natural de Luanda, onde nasceu em 1980, e que vive entre Lisboa e Milão, usa traços de vidas passadas, como fotos tipo passe ou álbuns de família, para criar ligações e discursos visuais.
A experimentação com processos de fotografia analógica e a criação de técnicas próprias de impressão dão à obra de Délio Jasse uma marca inovadora que o converte num dos fotógrafos mais reconhecidos dentro e fora do país.
Nos últimos 15 anos, participou em inúmeras exposições individuais e colectivas em Angola, África do Sul, Mali, Itália, Inglaterra, Alemanha, Portugal, Espanha, França, China, Brasil e Estados Unidos.
O carácter único da sua obra foi reconhecido com os prémios Anteciparte (Portugal, 2009) e Iwalewa Art (Alemanha, 2015), para além da nomeação para os prémios BES Foto (Portugal, 2014) e Pomilio Blumm (Itália, 2016).
Várias criações de Délio Jasse integram colecções de arte importante como a Colecção Sindika Dokolo (Angola), Museu Kiscell (Hungria), Fundação Blachere (França), BES Arte e Finança e Fundação PLMJ (Portugal).
A exposição “Olhar do Outro” tem o apoio da cerveja Tigra e está patente na galeria Jahmek Contemporary Art até 22 de Setembro.
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