“Confirmámos que o cabelo reduz o ganho de calor pela radiação solar e encontrámos um efeito na morfologia do cabelo”. É o que mostra um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA) e pela Universidade de Loughborough (Reino Unido).
No artigo publicado em Abril no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os resultados mostram que o cabelo crespo oferece protecção mais efectiva ao couro cabeludo contra a radiação solar e minimiza a necessidade de suar para evitar o ganho de calor.
O cabelo crespo, além de uma marca étnica, também teve um importante papel evolutivo. A descoberta veio da tentativa de os cientistas compreenderem por que, ao longo do tempo, os seres humanos perderam os pelos do corpo, mas não o cabelo.
Por coincidência, Kannanda Eller, química e mestre em Ciências Ambientais, divulgou nas suas páginas das redes socias um vídeo sobre essa mesma temática. “O nosso cabelo pode ter ajudado os nossos ancestrais a manter-se mais frescos e sobreviverem em regiões quentes”.
Kannada também actua na internet como divulgadora científica, produzindo conteúdos relacionados com questões étnicas e raciais. As pesquisas começaram quando passou a questionar a sua raça. “Sempre tive dificuldade em aceitar o meu cabelo, a minha cor e os meus traços, porque, desde pequena, aprendi que isso era mau. Então, fazia tudo o que podia para negar essas minhas características de mulher negra”, conta Kananda em entrevista exclusiva à Marie Claire.
As pesquisas dos cientistas da PNAS envolveram manequins térmicos e amostras de cabelos variadas, concluíram que o cabelo é um mecanismo do organismo para manter a temperatura corporal adequada e quanto mais crespos, mais eficientes os fios são nesse sentido.
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