
Com um pano de fundo africano, mulheres brasileiras e angolanas celebraram no passado dia 19 do presente mês (19.10), às 18h, na sala de conferência da empresa Kyndalla – Talatona, o lançamento oficial de “O Núcleo Luanda”, do grupo de mulheres do Brasil, patenteado como “o primeiro núcleo a nascer no continente africano”.
A cerimónia contou com a intervenção on-line (via zoom) da fundadora do grupo Luiza Heleno Trajano, juntamente com a participação presencial das líderes do núcleo Luanda: Bena Santos, Shamara, Carvalho, Eglê Santos e Fernanda Soares e os membros da embaixada brasileira (Eduardo Lessa e Luana Melo), entre outros convidados presentes.
O combate à violência contra mulher é o objectivo principal do grupo, “todos os esforços da rede estão voltados para que se diminuam daqui a cinco anos os índices elevados da violência contra mulheres e Angola não está isenta desta luta”, afirmou a empresária Luiza. “Numa viagem para Nairobi, fiquei muito emocionada ao ver muitos negros em altos cargos por lá e para isso também é que o grupo tem lutado, ajudar mulheres negras a ocupar grandes posições”, explicou.
Recheada de entusiamo, ao enfatizar o núcleo de Luanda, Luiza disse que tem um trabalho árduo com África que refletirá em aprendizado. “Nós vamos aprender muito com a cultura africana, com a alegria das cores, a alegria da música, até porque a cultura brasileira há 300 anos foi influenciada pelos negros vendidos para o nosso país. Vamos fazer um esforço para que o grupo possa crescer em África, por intermédio da ajuda do núcleo Luanda, para que possamos aprender e fazer muita diferença”, acrescentou.
O núcleo de Luanda foi criado em Janeiro de 2023 e iniciou o trabalho de capacitação de mulheres vítimas de abuso sexual e doméstico no Centro de Apoio Integrado a Vítima de Violência do Talatona (CAIVITA). Uma das líderes do núcleo Luanda, Fernanda Soares, fez saber à Revista Chocolate que o centro é o único existente no país, portanto, o núcleo viu a oportunidade de estabelecer parcerias com o centro, de modo a desenvolver várias habilidades com base em formações ministradas por mulheres executivas do mercado angolano.
As formações no centro são: empreendedorismo, marketing corporativo e pessoal, finanças, contabilidade, sustentabilidade e também traçar um perfil comportamental onde vai transformar o negócio das mulheres. Neste primeiro momento há 100 mulheres inscritas.
A directora do centro, Eduarda Marcelino, começou por agradecer a Luiza e às líderes do núcleo Luanda em geral. “Obrigada pela oportunidade, obrigada por essas mulheres maravilhosas, que é o grupo Mulher do Brasil – núcleo Luanda, são quatro mulheres apenas na liderança, mais no tamanho de Angola, por conseguirem transformar vidas e sonhos. Nós temos no centro muitas mulheres vítimas de violência e o Estado por si só não consegue dar resposta a todos os casos, então, o grupo amulher do Brasil veio aqui a Angola acalentar muitas famílias e estas formações são verdadeiramente uma lufada de ar fresco, muito obrigada e estamos todas de parabéns”.
Mergulhados todos num taque de emoções, por causa do lançamento oficial do primeiro núcleo do contente africano, surpresas não deixaram de acontecer. O Conselheiro Chefe do Sector de Promoção comercial, Investimento da embaixada do Brasil em Angola, Eduardo Lessa, convidou em nome da Embaixada, o núcleo Luanda para a realização de uma actividade no ano 2024.
Desde que o núcleo Luanda foi constituído, as reuniões e os encontros presenciais dos membros do grupo têm sido na empresa Kyndalla, que por sinal, foi também o local escolhido para o lançamento do mesmo. A PCA da Kyndalla, Adriana Brito, esclareceu que “a Kyndalla tem uma parceria com o grupo, mas não a Kyndalla enquanto empresa e sim a Adriana Brito enquanto pessoa. A Kyndalla tem oferecido o espaço, de graça, porque se precisa de espaço para a reunião, então as reuniões têm sido aqui, é uma contribuição da minha, não como empresária, mas sim como pessoa particular. Mesmo não existindo dinheiro envolvido, existem acordos comerciais e network, acho isso o suficiente”.
Uma vez que Adriana Brito é também membro do núcleo Luanda, manifestou o interesse de fazer parte da liderança de umas das categorias que constitui o núcleo “educação, ou cuidar dos idosos”. “A formação transforma qualquer idade e o trabalho com os idosos aqui em Angola a gente vê muito pouco, no entanto, aqui há abrigos, asilos, que precisam de atenção e cuidados, que a minha área profissional de bem-estar pode ajudar muito, como educadora e terapeuta.”
Nessa mesma noite, (19.10), além do núcleo Luanda, também foram lançados três outros grupos da Europa: o núcleo Porto, o núcleo Estocolmo e o núcleo Irlanda, todos em consonância com a moderação feita a partir do Brasil, pela fundadora do grupo Luiza Trajano.
No dia 26 de Outubro, ficará marcado o primeiro encontro aberto do núcleo em Luanda, para quem quiser fazer parte do mesmo, para apoiar as mulheres vítimas de agressão física e verbal, a fim de lhes proporcionar independência profissional e financeira.
SOBRE O GRUPO DE MULHERES DO BRASIL
O Grupo Mulheres do Brasil foi criado em Outubro de 2013 por 40 mulheres de diferentes segmentos, com o intuito de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país. É presidido pela empresária Luiza Helena Trajano.
Hoje são uma rede política e suprapartidária que reúne mais de 22 mil mulheres em núcleos espalhados no Brasil e no exterior. “Compomos um grupo heterogéneo, de diversas classes sociais e profissões, com os mesmos objectivos: estimular o protagonismo feminino, fazer parcerias e elaborar planos de acção são a essência do nosso trabalho.
O objectivo do grupo é sensibilizar a sociedade e os governos sobre as vergonhosas posições que o Brasil ocupa nos rankings mundiais de violência contra a mulher. Fazemos capacitação para o atendimento das vítimas nas delegacias das mulheres, conscientização sobre violência doméstica e reabilitação de agressores. Além disso, influenciamos na formulação de políticas de combate à violência e impulsionamos iniciativas que solucionem este problema.”
Actualmente, o grupo tem no total 155 núcleos nos 5 continentes do mundo, subdividido por vinte núcleos, nomeadamente: Combate à violência contra a mulher, Educação, Políticas Públicas, 80 em 8, Igualdade Social, sustentabilidade, 60+, Mundo Digital, Desporto, Comunicação, Jurídico, Vozes, Saúde, Meninas do Brasil, Inserção de Refugiados.
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