Mbeuguélou Senegalaise Yi
Em Wolof: “A mais querida do Senegal”
Provavelmente o nome ‘’Tongoro’’ não lhe é muito familiar, ou talvez já tenha ouvido, porém, não sabe muito bem onde. Mas se lhe dissermos que é a marca africana que vestiu a Beyoncé aquando da sua estadia na África do Sul (Global Citizens Festival), se calhar já lhe seja mais claro.
É exactamente isso: Tongoro Studio, marca Senegalesa ‘’100% made in Africa’’ (uma característica da qual se orgulham e que se tornou uma espécie de cartão de visita), que cria roupas; calçado e acessórios, tanto para mulheres quanto para homens. Não tem loja física, apenas online, pois deste modo é acessível a todos, ao mesmo preço e mediante as mesmas condições.
A marca tem uma parceria com a DHL, podendo deste modo o cliente receber as suas encomendas em qualquer canto do mundo, num prazo máximo de 5 dias úteis.
O nome e rosto por trás da Tongoro são os de Sarah Diouf, que acredita que ter crescido em África foi a força motriz que impulsionou todo o processo até à criação da marca, em 2016.
Numa entrevista com a blogger Lucille Dyosi, Sarah fala da sua relação com a moda Africana, partilhando que ‘’eu cresci no continente, acredito que algumas coisas inconscientemente alimentaram e deixaram uma impressão na minha mente e agora têm um impacto sobre como eu vejo e faço tudo. A minha cena sempre foi imagem; eu sempre quis trabalhar em publicidade e criar imagens para as quais não são necessárias palavras, então a moda ‘aconteceu-me’, revelando-se como um belo acessório para criar imagens poderosas, mas nunca um substituto das mesmas. A moda Africana, do modo como eu a vejo, é o resultado de um choque entre minha herança cultural e também de todas as partes do mundo pelas quais eu passo’’.
Além das peças lindíssimas a marca, Sarah também é bastante conhecida e seguida pelo seu estilo pessoal, que está a tornar-se uma referência cada vez maior no meio. Sobre esse fenómeno recente a própria diz que ‘’a moda é uma ponte para outra coisa. É uma forma de expressão. Um acessório para criar. E adoro conhecer e conectar-me com as pessoas por meio disso. Não é algo que deva ser levado muito a sério, porque a vida é maior do que isso. A menos que seja do ponto de vista comercial, porque muitas pessoas vivem disso, alimentam as suas famílias e merecem respeito e reconhecimento pelo seu trabalho.’’
Antes de criar a Tongoro Studio, em 2009, Sarah criou uma revista online de moda e cultura chamada Ghubar, cujos conteúdos se focavam muito no que se passava em África dentro desse contexto. À Ghubar seguiu-se a Noir, que ainda existe e é uma publicação periódica que fala de moda e lifestyle, em África, com foco na mulher Africana. Mulher essa que a actual marca quer vestir e que (numa entrevista para a Elle South Africa) caracteriza como sendo ‘’(…) única; ela é uma aventureira. Ela é feminina, brincalhona, cheia de personalidade, nunca tem medo de tentar coisas novas’’.
E por falar em África, o compromisso da marca é precisamente para com o continente, para como seu desenvolvimento e mais especificamente com o desenvolvimento da África Ocidental (onde se encontra o Senegal). As peças da Tongoro, como mencionado anteriormente, são feitas em África em todos os sentidos: a matéria prima é do continente, bem como a mão de obra, pois todos os alfaiates, costureiros e afins são locais. Além disso, os seus preços são acessíveis (sem comprometer a qualidade), pois têm em conta os ‘’bolsos’’ da maioria da população, como a criadora explica à Vogue: ‘Há de cinco anos, começámos a ver emergir um crescente número de designers africanos, mas todas as marcas que eu realmente admiro estavam a posicionar-se como marcas de luxo (…) Numa altura em que este mercado não está totalmente estabelecido, senti que se quiséssemos que as pessoas experimentassem a moda africana, teria de ter um preço que elas estivessem dispostas a pagar’’.
Quanto ao processo criativo e inspiracional, Sarah diz à Haper’s Bazaar que ‘’tento traduzir 2 palavras para as roupas, que são: ‘rítmo’ e ‘fácil’. Eu trabalho em silhuetas e conceitos de guarda-roupa, como a vida no mar, música e viagens. As peças têm de ser super acessíveis. Eu quero para a qual eu faço isto, sinta que ela pode comprar um armário de 360 ° num só lugar.’’
Se a sua curiosidade assenta no ‘’caso Beyoncé’’ e quer saber mais, nós temos os detalhes para si!
Na verdade, a artista já tinha usado criações Tongoro em Julho desse mesmo ano, em Itália, durante a sua tour ‘’On the Run II’’, pela Europa. Sarah Diouf nem quis acreditar, tendo partilhado a sua estupefação com os seus seguidores, na sua página pessoal do Instagram: ‘’Tinha um descrição toda preparada para quando este dia chegasse, mas eu não consigo pensar como deve ser… acordei esta manhã com a BEYONCÉ a vestir Tongoro Studio! Eu não consigo parar de chorar!!!!!!! Obrigado Z por tornares isto possível. O meu coração está cheio!’’.
Mais tarde, no final do ano, a família deslocou-se até à África do Sul, onde se realizaria o concerto Global Citizen, em homenagem a Nelson Mandela (que tem como objectivo erradicar a pobreza; a desnutrição infantil e acabar com a desigualdade de género até 20130).
Durante a sua estadia, Beyoncé vestiu peças de vários talentos africanos, com a ajuda dos seus stylists, Zerina Aker e Peju Famojure, mas as que levaram o público ao delírio foram dois modelos específicos, da Tongoro Studio: o conjunto Zanzi e o Maliki, que a criadora havia apresentado no AFI (African Fashion International) Cape Town Fashion Week, que coincidentemente fora a primeira vez em que a estilista apresentou uma colecção no prestigiado evento.
Desde então que várias peças da colecção têm estado esgotadas e a Tongoro tem sido procurada por consumidores de todo o mundo; utilizada em anúncios e séries; e mencionada em diversas revistas conceituadas, como a Vogue, a Elle, a Marie Claire, a Forbes, entre tantas outras, um pouco por todo o mundo (Estados Unidos, França, Reino Unido, África do Sul, Brasil, Nigéria, Hong Kong, Quénia, etc)
Ter o selo de aprovação da família Carter é mais do que apenas boa publicidade para a marca, é também uma maneira de levar ao mundo as criações do continente e de mostrar que nele existe criatividade; diversidade artística e acima de tudo: qualidade.
Artigo publicado inicialmente no editorial de Abril