No passado domingo, o espaço Jabumba, em Golfe 2 em Luanda, foi palco de uma apresentação profundamente tocante e reflexiva da peça de teatro “Casamento Fúnebre – O Início”. Esta produção da Companhia Teatro Ndokweno Artes, sob a direção da talentosa encenadora Walissa Mendes, aborda um tema marcante: o choque entre o amor e as crenças culturais e religiosas.
A história, situada na região do Ebo, província do Cuanza Sul, narra a trágica relação entre Massoxi e Sakalema, dois jovens apaixonados cujas vidas são transformadas por uma luta contra as tradições que os envolvem. Massoxi, filha de um fervoroso membro da Igreja Adventista, vê-se obrigada a abandonar o namorado Sakalema, um católico oriundo de uma família tradicional Bakongo. Esta diferença religiosa é o principal obstáculo que impede o casal de viver plenamente o seu amor.
Simão de Castro, que interpretou Sakalema, descreveu o papel como um verdadeiro desafio, exigindo-lhe concentração e dedicação para capturar as nuances de um jovem apaixonado. Cristina Lufala Ngola, que deu vida a Massoxi, revelou que inicialmente teve dificuldades em adaptar-se ao papel, mas, com o tempo, mergulhou profundamente nas emoções da personagem para transmitir toda a dor e a complexidade da jovem.
Para Cristina Lufala Ngola, a peça carrega uma mensagem forte de alerta à juventude angolana sobre a importância da saúde mental e do diálogo para resolver conflitos. “Queremos mostrar que, apesar das diferenças, sempre há uma forma de resolver os conflitos, sem precisar recorrer ao suicídio,” afirmou a atriz.
Com uma combinação de talento, intensidade emocional e uma narrativa poderosa, “Casamento Fúnebre – O Início” é uma peça que transcende o palco e convida à reflexão sobre o impacto das tradições e crenças na vida dos jovens. Uma obra imperdível para todos os que valorizam o teatro como veículo de mudança e reflexão social.
Por: Gracieth Issenguele