A exposição Afro Renaissance, uma iniciativa da Africanizm Art e Face Studio, liderada por João Boavida e produzida por Ilya Machado Ngenohame, é muito mais do que um encontro com a estética africana — é uma afirmação identitária, uma provocação política e um registo histórico em forma de arte. “O objectivo é desafiar os artistas a trazerem as suas visões em conceitos mais específicos”, explica Boavida, sublinhando que esta mostra, patente em Luanda com entrada gratuita, entre os dias 9 a 11 de maio, no hotel Marina Baía, na Ilha de Luanda.

Propõe-se como uma plataforma de reconexão com as raízes e de valorização do legado africano, seja ele cultural, artístico ou até político. Reunindo 71 obras de artistas de várias geografias da diáspora — como o internacionalmente aclamado Oswald Ferreira e o luso-angolano Blacksun —, a mostra reflecte tanto o pulsar contemporâneo como a memória ancestral do continente.
Entre pigmentos vulcânicos da Ilha do Fogo e retratos carregados de simbolismo social, a curadoria eleva a consciência crítica sobre temas como exploração de recursos africanos e identidade negra. “A arte é para todos, não é só para os ricos”, lembra Ilya Machado, destacando que o papel da Africanizm passa também por educar o público e acolher novos talentos num crivo artístico que funciona como galeria digital.

Portugal, onde o conceito foi igualmente bem acolhido, e outros países africanos, estão na mira de expansão. Com a missão clara de transformar o olhar sobre o que é arte africana contemporânea, a Afro Renaissance convida-nos a ver, sentir e pensar — e sobretudo a valorizar os artistas que contam as nossas histórias hoje, para que amanhã não sejamos esquecidos.




Texto: Gracieth Issenguele
Fotografias: Paixão Lemba