A 4.ª edição do Festival Balumuka encerrou no último sábado com um saldo amplamente positivo e uma enchente memorável no Palácio de Ferro. Ao longo de quatro dias, mais de dois mil espetadores celebraram a riqueza da música tradicional angolana, numa edição marcada por emoção, identidade e resistência cultural.
Em declarações ao Jornal de Angola, o diretor do Palácio de Ferro, João Vigário, afirmou que a edição ultrapassou todas as expectativas, revelando que a afluência de público foi superior a dois mil participantes. “Tivemos uma grande moldura humana nestes dias de festa. A adesão foi tão forte que ultrapassámos a nossa própria previsão”, afirmou, sublinhando o sucesso da iniciativa.

Pedro Chissanga, diretor Nacional da Ação Cultural do Ministério da Cultura, classificou o festival como “imponente”, sublinhando o seu papel na valorização da herança musical nacional. “Nestes quatro dias vivemos os nossos objetivos: recuperar a matriz ancestral e divulgar o património musical e cultural do país”, frisou.
Expansão nacional à vista
O responsável do Ministério da Cultura revelou ainda planos para levar o Festival Balumuka além das fronteiras do Palácio de Ferro. “Há uma forte pretensão de expandir o festival para outras províncias como o Huambo, Huíla, Benguela, Moxico, entre outras. Queremos que esta celebração da cultura chegue a novos palcos e públicos”, afirmou.
De acordo com Pedro Chissanga, está já a ser planeada uma edição fora da baixa de Luanda, com possível realização em Setembro em zonas como o Kilamba ou Talatona.
Encerramento com alma
O último dia do festival foi marcado por actuações arrebatadoras. Mito Gaspar, Rei Cawinga, Tiviné e o grupo Vozes do Nambuangongo deram corpo e som à ancestralidade musical. As suas performances encheram de ritmo e emoção a plateia que dançou ao som da pulugunza e de outros ritmos tradicionais.

Tity Neusa foi a única voz feminina da noite, e deixou a sua marca com uma actuação poderosa. Oriunda do Cabo Ledo, província de Icolo e Bengo, a cantora subiu ao palco com o tema “Fofoca” e emocionou o público ao lado de Baló Januário com o dueto em “Melhor mãe do mundo” e “Kiwabinda”.
O grupo Vozes do Nambuangongo, da província do Bengo, também justificou com distinção a sua presença, encerrando o festival com ritmos que fizeram vibrar o público até ao último acorde.






Texto: Gracieth Issenguele