Durante as décadas passadas, Angola teve um cenário musical infantil bastante rico, com artistas que marcaram gerações e deixaram um legado cultural valioso. Nomes como Ângelo Boss, Maya Cool, Sónia António, Alice Berenguel, Mamborró, Gersy Pegado, Nila Borja e o grupo Impactos 4 são apenas alguns dos ícones que, ainda jovens, conquistaram corações com músicas educativas, dançantes e culturalmente relevantes.

Esses artistas não apenas entretinham, mas também transmitiam mensagens importantes sobre valores, educação, amizade, família e cidadania. As suas canções eram presença constante em programas infantis, festas escolares e eventos comunitários, ajudando a moldar a infância de muitos angolanos com identidade e orgulho nacional.
Hoje, no entanto, observa-se uma grande escassez de cantores infantis em Angola. O mercado musical parece cada vez mais voltado para os estilos adultos, e há pouca visibilidade (ou mesmo incentivo) para artistas mirins ou músicas voltadas ao público infantil. O espaço que antes era ocupado por vozes jovens e melodias inocentes está agora quase vazio, um reflexo das mudanças culturais, económicas e até educativas no país.

As causas podem ser múltiplas: a falta de políticas de incentivo à cultura infantil, a ausência de produtoras interessadas nesse nicho, a evolução das plataformas digitais que priorizam outros estilos, ou até mesmo a falta de reconhecimento do valor educativo da música infantil.

Diante desse cenário, surge uma questão importante:
Por que já não se fazem músicas infantis nacionais?

Texto: Michela Silva