Quando pensamos em acidentes de trabalho, geralmente imaginamos canteiros de obras, fábricas ou escritórios. Mas em casa, esse espaço considerado seguro e acolhedor, também pode se tornar um cenário de tragédias silenciosas. Entre os utensílios cortantes, o piso molhado da cozinha, a sobrecarga de tarefas e a pressa do dia a dia, o lar pode esconder armadilhas que deixam marcas para sempre, físicas e emocionais.
Foi o que aconteceu com Graça da Cruz, hoje com 27 anos, vítima de um acidente que mudou a sua vida para sempre.
Ela tinha apenas 12 anos quando, à noite, correu da sala para o quintal e se chocou contra uma parede mal acabada. “Foi muito rápido. Só lembro do impacto, do sangue e do desespero da minha mãe”, contou em entrevista exclusiva à Revista Chocolate. O ferimento quase atingiu os seus olhos.
Hoje, Graça ainda sente dores, tem a visão comprometida e luta contra uma autoestima abalada. “Passei meses sem conseguir me olhar no espelho. Até hoje me pergunto como teria sido se o corte fosse um pouco mais pro lado.”
Seu relato revela o quanto o lar, muitas vezes visto como refúgio, pode esconder perigos reais especialmente para crianças e mulheres que acumulam tarefas e vivem rotinas exaustivas. Especialistas alertam que medidas simples, como evitar correrias, corrigir falhas estruturais e redobrar a atenção, podem prevenir acidentes graves.

Mais do que evitar ferimentos, é preciso cuidar também das cicatrizes invisíveis aquelas que o tempo não apaga.

Texto: Michela Silva