Um palco, uma voz e uma mensagem que ecoou fundo nos corações dos espetadores. Assim foi “O Medo”, monólogo encenado por Caetano Forrei no Elinga Teatro, em Luanda, no âmbito da 10.ª edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT). A peça, produzida pelo projecto Arte Vida, levantou questões profundas sobre a condição humana, alertando para o perigo de cobrar ética a quem vive em extrema necessidade.

Com a frase marcante “não se deve cobrar moral a quem tem fome”, Forrei conduziu a audiência por um enredo que mistura denúncia social, introspeção e esperança. Numa sociedade onde o medo de perder o emprego silencia vontades e adia sonhos, a peça mostrou que vencer o medo é uma das chaves para o crescimento pessoal e colectivo.
O silêncio inquieto da plateia, entrecortado por murmúrios reflexivos, foi o maior termómetro do impacto da performance. No discurso pós-espetáculo, o actor reafirmou o objetivo da obra: mostrar que o medo, quando não enfrentado, nos torna prisioneiros da sobrevivência. “É esse o medo que retrato na peça”, sublinhou.
Já o diretor do CIT, Adérito Rodrigues “BI”, descreveu a obra como “a cereja no topo do bolo” desta edição do festival, dedicada aos 50 anos da Independência Nacional. Uma peça necessária, que levanta o véu sobre a vulnerabilidade e a coragem, ao som da voz de um povo que, mesmo cansado, ainda sonha.
Texto: Gracieth Issenguele
