Bem ao lado da histórica estação do Mbungu (buzina em kimbundo), que a corruptela limou para Bungo, na rua Major Kanhangulo, nasceu uma nova opção de entretenimento na baixa. À partida chama a atenção a ausência da habitual agitação digna de um apupú da praxe, nas vibrantes noites luandinas de sexta-feira, não poderia ser diferente esta do dia 25 de julho. Parece que a parede envidraçada que separa o salão multi-evento da famosa rua se não é, estará perto de ter propriedades de isolamento acústico.
A música torna-se mais presente à medida que se aproxima da porta. Dança das luzes vermelhas logo no hall do salão denunciam a óptica do resto da noite. Um misto das noites de glória do Palos, nos Coqueiros, e Elinga toma de assalto a memória e remete-nos a altas vibrações. É o Cultrain, a materialização de sonho do Dj Paulo Alves.

A ideia do Cultrain nasce ainda nos resquícios da pandemia, em 2021, quando um amigo de Paulo Alves mostrou-lhe o espaço, que estava livre e à procura de ocupante para o arrendar, a informação caíu ao Dj como um ganho na lotaria, porque coincidentemente há algum tempo Paulo procurava um espaço para realizar este antigo sonho, mesmo nos tempos difíceis, em contexto da pandemia. “Decidi entrar de cabeça nesse projecto, que levou algum tempo a ser implementado, mas aí está, ainda a precisar de uns pequenos retoques, mas o grosso já está feito e agora é dar dinâmica ao espaço”, contou, determinado, mesmo no calor da organização, enquanto os convidados chegavam, com orientações daqui e deslocações para ali, para últimos retoque da apresentação oficial. Neste ínterim, ainda há espaço para receber a bênção da família, marcado por um caloroso e sincero abraço da filha pequenina, que largou a mão da mãe para correr de braços abertos como quem estivesse prestes a voar, até ao pai, a esvoaçou ao colo. Acabava de chegar com a mãe, também esta recebida com um beijo. O momento pareece ter proporcionado mais energia ao anfitrião, o aumento da disposição denunciou.
Restaurante + pista
Quase dez degraus é o que separa o hall do salão principal, numa extensão de mais de meia quadra de basquetebol, num nível de cerca de 1 metro e 60 centímetros de altura, um parapeito de ferro, está o restaurante, parece mais área vip de uma discoteca, mas a extensão do espaço, com a mesma dimensão do salão principal, leva-nos a deitar por terra tal pensamento. Seria um exagero uma área vip tão grande. É mesmo o restaurante. A diferença é que em cima é onde estão as mesas e cadeiras e mais um atendimento personalizado, próprio da restauração. Mais nada!. Os convidados vão chegando, uns param na parte de baixo, outros, com a ilusão de preferir a área vip, transpõem mais degraus, alguns porque se calhar queriam colocar algum betão para preparar espaço pro lúpulo ou algo mais quente, que permite resistir na fria noite de cacimbo. Outros é mesmo para se acharem. Mas não tarda, como é da praxe, o som do DJ Luís Rafael vai invadindo o tutano, e os de cima começam a descer aos poucos.

Além de ser uma oferta no segmento do entretenimento e da restauração, a casa não só albergará eventos com DJs, garante Paulo, reserva igualmente música ao vivo, apresentação de produtos ou marcas de empresas, exposições, eventos de moda, etc.. o gestor adianta que está a trabalhar com a equipa a programação semanal de evntos de vária ordem.
“Vamos criar uma dinâmica diferente, não só de casa noturna, mas uma casa que pode funcionar 24 horas por dia”. Está a ser construída uma agenda, já com alguns eventos programados, mas queremos trabalhar mais e receber algumas propostas, claro, de outros players do mercado”, lança o repto Paulo Alves.



Texto: Pihia Rodrigues