A escritora angolana Teresa Eduarda Leão, conhecida no meio literário como Sorriso, apresentou no passado dia 29 de agosto, na Academia do Empreendedor, em Luanda, a sua mais recente obra O Corpo Que Não Era Meu. O livro, de carácter dramático, mergulha em questões delicadas e urgentes da sociedade angolana, como o abuso sexual, a perda de identidade, o silêncio imposto e o processo de cura emocional.

A narrativa acompanha a vida fictícia de Tchissola, uma adolescente marcada por inseguranças, sonhos interrompidos e expectativas roubadas. Ao longo do enredo, a jovem confronta dores profundas e dilemas existenciais que convidam o leitor a refletir sobre a resiliência humana, a educação sexual e a busca incessante pela identidade.
Segundo a autora, cada página foi escrita com a intenção de despertar emoções genuínas e reflexões transformadoras. “Não existe um grande segredo para escrever. Quando sinto a inspiração pulsar, entrego-me totalmente. É um processo que exige sensibilidade e conexão com aquilo que desejo transmitir”, afirmou Sorriso durante a apresentação.

Inspirada pelas próprias vivências, pelas histórias que observa e pelas emoções que carrega, a escritora constrói uma obra que não se limita à ficção, mas que ecoa em realidades próximas de muitos leitores. Para Sorriso, a literatura é um veículo de partilha, cura e, sobretudo, de empoderamento.
Além da sua produção literária, Sorriso lidera o movimento Mulheres Levantam Mulheres, iniciativa que promove a reconstrução coletiva do feminino e incentiva mulheres a reencontrarem a sua força e dignidade. A sua estreia no universo literário deu-se com O Caminho Até à Paragem, publicado em outubro de 2022, e nesse mesmo ano integrou a coletânea Escritas no Feminino, organizada pela editora portuguesa Caneta de Estilo.
Com O Corpo Que Não Era Meu, Sorriso reafirma a sua voz sensível e profundamente humana, consolidando-se como uma das escritoras que melhor traduzem, em palavras, as dores e resistências de uma geração em busca de cura e identidade.



