A noite de quinta-feira passada na União dos Escritores Angolanos , em Luanda, foi marcada pela, emoção e pela memória viva de um homem cuja história se confunde com a do país. Júlio de Almeida, conhecido por muitos como “Comandante Juju”, apresentou a sua autobiografia “Viver até ao Fim”, uma obra que percorre oito décadas de vida, desde a infância no Namibe até a atuação na guerrilha, no Governo e na Assembleia Nacional.

Sob a chancela da Ka-cimbo Editora, o antigo vice-ministro dos Transportes celebra, em 222 páginas, os momentos que moldaram a sua trajetória como político e escritor, num testemunho íntimo e honesto que, segundo o próprio, não pretende ser um livro de memórias, mas “um monólogo com o leitor”. Júlio de Almeida confessou que o seu maior desejo é provocar reflexão — mais perguntas do que respostas — e inspirar o público a encontrar sentido nas suas próprias vivências.
Com edição a cargo de Ndalu de Almeida, mais conhecido por Ondjaki, o livro apresenta-se como um contributo essencial para compreender o percurso histórico e cultural de Angola por meio de uma perspectiva pessoal e humanista. “É uma história de vida que ajuda os jovens a conhecerem melhor o país”, afirmou o escritor, acrescentando que a experiência de editar o próprio pai revelou detalhes e memórias até então desconhecidos.
Entre os presentes, destacou-se o escritor e jornalista José Mena Abrantes, que recordou o “Comandante Juju” como uma figura incontornável do teatro na guerrilha e dos comunicados militares da TPA nos anos 70. “Era impossível não estar presente neste momento histórico”, referiu.
Com “Viver até ao Fim”, Júlio de Almeida reafirma-se como símbolo de resistência, sabedoria e amor por Angola — um homem que continua a sonhar e a inspirar, mesmo após 85 anos de vida plena, dedicada à luta, à cultura e à palavra escrita.