O Edifício de Extensão da Universidade Católica de Angola foi palco, na última sexta-feira, de um lançamento literário que promete marcar a reflexão cultural do país. Trata-se do livro “Angolanidade e História”, da autoria de Domingos Fernandes Neto, uma obra que, segundo fontes próximas, nasce como um convite urgente à introspeção nacional, chamando cada angolano a revisitar o seu passado, reafirmar as suas raízes e assumir, de forma consciente, o verdadeiro sentido de pertencer a Angola.

Fontes ligadas ao processo editorial revelam que a obra se apoia numa abordagem crítica e profundamente esclarecedora da História de Angola — desde a fase pré-colonial até ao período pós-Independência — conduzindo o leitor por uma análise minuciosa dos alicerces que moldaram a identidade coletiva. O autor parte do princípio de que compreender o passado é essencial para fortalecer o presente e orientar um futuro onde o orgulho nacional seja assumido sem reservas.
Durante o lançamento, Domingos Fernandes Neto sublinhou que o livro nasceu de “uma inquietação íntima” que se acumulou ao longo dos anos. “Falar de Angola e dos angolanos foi, desde o início, um imperativo para a convocação da consciência colectiva”, afirmou, deixando claro que a sua motivação ultrapassa o campo literário para tocar na dimensão cívica.

O escritor reiterou que ser angolano implica responsabilidade e compromisso. “Se nós, enquanto angolanos, estivermos ligados de corpo e alma, tudo o que fizermos vai ser sempre em prol do nosso país”, destacou, defendendo que muitos se afirmam angolanos apenas verbalmente, mas que as suas atitudes nem sempre correspondem ao verdadeiro sentido da palavra. Para o autor, amar Angola é também amar o angolano — uma ligação que se traduz em ações e não em discursos.
No livro, Domingos Fernandes procura decifrar as múltiplas visões que os angolanos possuem sobre o conceito de angolanidade, reconhecendo que nem todos carregam o mesmo sentimento patriótico. Fontes próximas indicam que o escritor sentiu a necessidade de alertar, sobretudo a juventude, para a importância de assumir os valores que sustentam a união, a solidariedade e o compromisso com o desenvolvimento do país. O autor frisa que a construção de uma Angola progressista exige o combate a sentimentos que ainda dividem os cidadãos, como a inveja entre irmãos, e a valorização de uma consciência nacional plena.
A biografia de Domingos Fernandes Neto ajuda a compreender a profundidade da sua reflexão. Nascido em 1945, no Cazengo, Kwanza-Norte, cresceu entre várias regiões do país, experiência que moldou o seu olhar crítico e a sua relação com a cultura angolana. Estudou em Luanda, licenciou-se em Filosofia na Itália e concluiu posteriormente o curso de Direito na Universidade Agostinho Neto, adquirindo uma formação multidisciplinar que sustenta a densidade intelectual da obra agora lançada.
A sua carreira no ensino liceal, vivida em localidades como Bailundo, Huambo, Saurimo e Dundo, permitiu-lhe acompanhar de perto as realidades e os desafios da juventude angolana. Mais tarde, integrou a Embaixada da Itália em Angola, contribuindo para a cooperação cultural e universitária entre os dois países, e desempenhou funções de destaque na Sociedade Angolana de Direitos do Autor (SADIA), onde lutou pela defesa dos criadores nacionais.
“Angolanidade e História” chega ao público como um manifesto cultural, um apelo à união e ao resgate dos valores que sustentam a identidade angolana. Uma obra que, segundo fontes próximas do autor, pretende reavivar o orgulho nacional e instigar uma reflexão profunda sobre quem somos e quem queremos ser enquanto povo.




