“Um amor no passado”: A consagração de Caucana Júnior no cinema nacional

Gracieth Issenguele
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A nova aposta do cinema angolano já está a gerar grande expectativa — e não apenas pelo talento do seu elenco, mas sobretudo pela visão do seu realizador. Caucana Júnior, natural de Benguela, abriu o coração à Revista Chocolate Lifestyle para revelar detalhes de “Um Amor no Passado”, filme que atribuíram muitos portais erroneamente a Emílio Gil, mas cuja autoria oficial o próprio esclarece. Para o realizador, esta obra representa mais do que um lançamento: é “o filme da nossa vida e a consagração ao cinema nacional”.

Pensado e escrito em 2020, numa fase em que a produtora se dedicava à formação de atores, o projeto ganhou maturidade até estrear a 23 de novembro — e com um resultado surpreendente. “Pensámos em ter apenas 100 pessoas, mas tivemos acima de 300. Convencer o público benguelense não é fácil, e se assim fizemos, temos orgulho do trabalho que realizámos”, afirma Caucana Júnior. Enquanto não chega ao grande público, o filme segue agora um circuito de exibições por cidades como Luanda, Huambo e Moçâmedes, antes de entrar oficialmente nas salas Cinemax.

Embora o filme dialogue com memórias e atmosferas de Benguela, o realizador esclarece que a narrativa não se prende a especificidades regionais. Ainda assim, o ambiente local foi determinante.

“Questões como o turismo e a calmaria da região fizeram parte do que precisávamos para o filme ter o resultado belo que teve”, explica Caucana, sublinhando como a estética natural foi crucial para a sensibilidade visual do projeto.

A evolução do cinema nacional é evidente, mas os obstáculos persistem — e este filme não foi exceção. Logística, finanças e, sobretudo, acesso a espaços e instituições complicaram a rodagem.

O realizador foi frontal: “Somos de acreditar que ninguém é obrigado a patrocinar-nos. Somos nós, produtores e sonhadores, obrigados a apresentar um resultado que convença empresas a investirem no nosso trabalho”.

Foi com criatividade, insistência e adaptação que a equipa transformou limitações em soluções viáveis, sem comprometer a qualidade artística.

O título, “Um Amor no Passado”, remete a relações íntimas com a memória — e isso exigiu rigor. “Tenho sempre o cuidado de trazer uma história que obedeça ao que há de verdade na vida”, reforça o realizador.

Para construir a personagem principal, Selda, interpretada por Viviana Casaco, a equipa estudou profundamente os mecanismos da mente humana e as nuances da amnésia retrógrada.

“Descobrimos coisas importantes… Pessoas com estes problemas eram simplesmente chamadas de malucas. Com o filme, trazemos ensinamentos valiosos para o público”, acrescenta Caucana Júnior, orgulhoso do impacto social do projecto.

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