O poeta Lopito Feijó foi eleito, no sábado, secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA) para o período de 2025/2027. Do universo de 68 membros eleitores, Lopito Feijó, pela lista A, obteve 44 votos. A lista B, liderada pela escritora Marta Santos, e a C, à cabeça a escritora e carismática Kanguimbu Ananás, respectivamente, tiveram 11 votos cada.
A batata quente que o escritor de 61 anos vai digerir agora é a materialização do seu manifesto eleitoral, que prevê, entre outras acções, angariar fundos para publicação de livros dos membros, reeditar clássicos da literatura angolana, promover a participação de escritores angolanos em feiras internacionais, estreitamento das relações com as associações de escritores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e advogar junto da UNESCO parcerias para divulgação da literatura angolana.

Sobrevivência
A primeira instituição cultural do País debate-se com problemas financeiros há anos. Sendo esta de utilidade pública, OGE ‘pinga’ à conta-gotas. Como alternativa, o que suporta o funcionamento do órgão é a renda proveniente de alugueres de imóveis.
Na sala de pesquisas, a dezena de computadores lá existentes apenas se servem para recordar histórias. As máquinas, que tinham sido fornecidas pelo então Ministério da Ciência e Tecnologia, também parecem estar há anos que não roncam. Denunciam os cabos que, amontoados, as pontas parecem na iminência de se beijarem, mas desconectados com as máquinas.
“O problema é que aquele é um projecto antigo e requer manutenção. Aquando da Covid-19, o tempo que ficamos sem trabalhar, aquilo piorou”, explicou ao Novo Jornal este ano David Capelenguela, secretário-geral cessante, que confessou ter pedido apoio para manutenção das máquinas em várias instituições, mas sem sucesso.
Fontes de renda
As outras fontes de renda da União dos Escritores Angolanos, além do OGE, são os arrendamentos de imóveis pertencentes à instituição, um está junto ao edifício, arrendado ao Ministério das Relações Exteriores, de onde recebe cerca de 3 milhões e seiscentos mil de kwanzas anuais. As naves, que estão adjacentes ao hotel Alvalade, que antigamente era gráfica da UEA, servem-se de escritórios ocupados por três diferentes instituições. Mas, mesmo esta fonte também deixa a desejar.
“Também não pagam com regularidade. Ficam um ou dois anos… a última vez ficaram quase três anos sem pagar”, desabafou David Capelenguela.

Responsável lamenta que os valores que a UEA recebe da renda apenas cheguem para pagar salários dos 23 funcionários que mantêm a instituição aberta, lembrando que há trabalhadores que estão desde 1975 ou desde os anos 80, em idade de reforma, muitos destes integrados desde a fundação [10.12.1975], recorda. “A União não tem condições de pagar a reforma”, revelou.
Apesar das dificuldades, a instituição não abre mãos à principal actividade que a garante revitalização, as tradicionais ‘Maka a quarta-feira’, onde se animam colóquios, conferências e debates, em parcerias com outros movimentos literários.
Já passaram na posição de secretário-geral da UEA os escritores Luandino Vieira, António Cardoso, João Melo, António Gonçalves, Adriano Vasconcelos, Carmo Neto e David Capelenguela.


Texto: Redacção