O bairro do Rangel, em Luanda, viveu um dos momentos mais emocionantes da sua história recente com a realização da 9.ª edição do projeto cultural e artístico “Mamã Yetu”, um tributo às mamãs promovido pela comunidade local e apoiado pela Fundação Obrabella. O evento, realizado na rua de Pernambuco, uniu tradição e modernidade num ambiente típico das zonas periféricas, onde o convívio entre gerações ganhou um novo significado.

Inspirado no espírito comunitário de outrora, o “Mamã Yetu” trouxe de volta o diálogo entre as “kotas” e a juventude, incentivando a partilha de saberes e o fortalecimento dos laços socioculturais. Entre as vozes da experiência, destacou-se a da anciã Antonica Jambela, que lamentou o afastamento dos jovens dos valores culturais, lembrando que “a tradição é um pilar essencial na educação de qualquer sociedade”.
Já Amélia Figueira defendeu a continuidade do projeto, sublinhando que encontros como este são fundamentais para preservar memórias e figuras emblemáticas do Rangel. Durante a atividade, discutiram-se temas como a história dos grupos carnavalescos, o desaparecimento dos centros culturais e a importância dos locais de valor histórico para a identidade do bairro.

Num gesto de reconhecimento, o evento homenageou a companheira, esposa, mulher artista e empreendedora, valorizando o seu papel na família, na cultura e na transmissão de tradições que moldam gerações. O tributo encerrou com a entrega de brindes a senhoras entre os 57 e 85 anos, após uma conversa repleta de afeto e sabedoria.
Mais do que uma celebração, o “Mamã Yetu” afirmou-se como um reencontro com as raízes, lembrando que a força da cultura angolana reside precisamente na união entre o passado e o presente — entre quem ensina e quem continua a aprender.





