“Arma-zoen”: Obra chega em Angola como o seu primeiro palco fora da Europa

Gracieth Issenguele
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O Museu Nacional da Escravatura, em Luanda, acolhe até 14 de dezembro o início oficial da rota internacional do projecto artístico “Arma-zoen”, uma obra que cruza arte, memória e história num momento simbólico para Angola: a celebração dos 50 anos da Independência. Após circular pela costa holandesa, o projeto chega ao território angolano como o seu primeiro palco fora da Europa, devolvendo a um dos epicentros do Sistema Transatlântico de Escravização um fragmento de memória que lhe pertence.

Nascido de um excerto real do diário de bordo do navio negreiro holandês Hof van Zeeland — que percorreu a rota Middelburg–Angola–Caribe entre 1732 e 1734 — “Arma-zoen” ergue-se a partir da história devastadora de cinco mulheres escravizadas que se lançaram ao mar, uma delas não sobrevivendo. Esse registo tornou-se o núcleo criativo de uma exposição que homenageia todas as vidas dilaceradas pela escravatura, ao mesmo tempo que convoca o público a revisitar e ressignificar a identidade coletiva.

Apresentado num contentor marítimo, o projeto divide-se em duas partes: um filme de dança concebido por Monique Duurvoort, com produção e conceito de Afra Jonker, e a instalação “Memorial de Nomes – The Vanishing Half”, da artista Iris B. Chocolate, composta por seis mil placas de alumínio que simbolizam seis mil angolanos arrancados do seu território. Cada visitante é convidado a gravar um nome, numa ação íntima de resgate identitário. A exposição conta ainda com a performance “In Memoriam”, da poeta e artista de spoken word Jaliya The Bird, que reflecte sobre as marcas deixadas pelo comércio transatlântico.

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