O Memorial Dr. António Agostinho Neto foi palco, na tarde de sexta-feira, de um evento singular: a “Declamação Internacional da Poesia de Agostinho”, uma iniciativa que reuniu diplomatas e apaixonados pela arte para celebrar a obra de um dos maiores ícones literários e históricos de Angola.
Organizado pela Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN) em parceria com a União dos Escritores Angolanos, o evento destacou-se pela riqueza linguística e cultural. Foram declamados poemas do primeiro Presidente de Angola em mais de 20 idiomas, incluindo alemão, árabe, castelhano, coreano, francês, quimbundu, kikongo, turco e mandarim, evidenciando a universalidade da sua mensagem.
Entre os momentos marcantes da tarde, destacou-se a participação de Kwang Jin Choi, embaixador da Coreia do Sul, que recitou os poemas “Renúncia Impossível” e “Um Aniversário”. Este último homenageia o povo coreano e reflete a solidariedade de Neto para com os oprimidos. O diplomata enfatizou a importância da poesia de Neto na construção de uma ponte sólida entre Angola e a Coreia do Sul, sublinhando que obras como estas já são traduzidas e estudadas nas escolas coreanas.
Outro momento inesquecível foi a declamação do poema “Confiança” em turco pelo embaixador da Turquia, Muhammet Mustafa Çelik, que destacou o impacto da poesia de Agostinho Neto nas escolas turcas e a sua relevância na luta contra o colonialismo.
A poesia também foi celebrada em árabe pelo embaixador da Argélia, Abdelhakim Mihoubi, que recitou o emblemático “Havemos de Voltar”, reforçando a amizade histórica entre Angola e Argélia.
Carlos Aguiar, representante da Embaixada da Nicarágua, partilhou a sua longa admiração pela obra de Neto, comparando-a à poesia de Rubén Darío, um dos maiores poetas nicaraguenses. Ele destacou como a poesia de Neto transcende fronteiras, sendo essencial para compreender o papel da arte na luta pela liberdade dos povos oprimidos.
A celebração também contou com a participação de representantes da Espanha, que declamaram os poemas “Criar” e “Caminho do Mato” em espanhol, e de artistas angolanos como Tina Bunha e Pedro Sambo, que enriqueceram as leituras com trovas em línguas nacionais e europeias.
Este evento destacou-se não apenas como uma homenagem à obra de Agostinho Neto, mas como um encontro de culturas, onde cada declamação ecoou o poder intemporal da poesia. Através das palavras de Neto, foi reafirmada a luta por liberdade, a solidariedade entre os povos e a importância da arte como veículo de transformação social.
Uma celebração que nos relembra que, independentemente da língua, a poesia fala à alma e une nações.
Por: Gracieth Issenguele