Depois da estreia em Luanda, a exposição individual do artista Gegé M´Bakudi com o título “Ango-metafora da morte” será exibida a partir de quarta-feira, 28, às 18h em Benguela, na Rua Alexandre Herculano, Zona B, n 104, em Frente ao Largo África.
Segundo uma nota, enviada à Revista Chocolate, a organização refere como grande novidade, antes da exposição, com cerca de doze obras de arte, das quais três são pensadas e criadas propositadamente para Benguela, na terça e quarta-feira Gegé M´bakudi vai oferecer dois workshops gratuitos a artistas visuais e plásticos, pensadores e curadores da província de Benguela.

“As narrativas contemporâneas do cotidiano angolano nas artes visuais exploram a vida diária da população, seus costumes, desafios e identidades, utilizando diferentes linguagens artísticas. Essas expressões incluem pintura, escultura, fotografia, instalações, performance e arte digital, abordando temas como a cultura, a história e as transformações sociais em Angola. Estes workshops de dois dias mergulham nas minhas práticas e experiências enquanto artista angolano. Tenho uma trajetória marcada pela experimentação, colaboração e o desenvolvimento de linguagens artísticas únicas, e pretendo que o evento convide os participantes a explorar as interseções entre tradição, contemporaneidade e a visão do futuro por meio de práticas visuais, vídeo arte e direção artística”, explicou o Gegé M’bakudi.
Segundo o artista os workshops visam: criar um espaço de comunicação imersivo entre os participantes e o artista visitante; introduzir técnicas de narrativa visual; explorar a identidade cultural e a expressão artística a partir de uma perspectiva social; e desenvolver projectos autorais utilizando ferramentas contemporâneas, como vídeo arte e pintura.

Dor em arte
O escritor José Paciência refere, a propósito da obra, que “a arte é mais do que só estética: é denúncia, é rotina mascarada de morte, é banda desenhada com sangue seco e silêncios históricos.”, introduz.
“Este manifesto expõe um povo que respira por teimosia, sorri com dentes partidos e transforma sua dor em arte. Um grito pintado com a cor da ausência dos caixões invisíveis que pesam toneladas na consciência, construídos com promessas quebradas e discursos que não cabem nas urnas. Cada passo é um ensaio para a última despedida, e o chão carrega memórias de corpos que não descansam em paz. A morte, como artista, molda-nos em obras expostas nas galerias da sobrevivência, onde a legenda é desnecessária porque o sofrimento tá evidente na cara de toda gente.”, considera o escritor na mesma nota de imprensa.

Nascido em 15 de Dezembro de 1999 no Sambizanga, Gegé M´Bakudi iniciou as suas expressões artísticas durante a infância, mas só na adolescência se viu como artista plástico. Entre 2015 a 2019, estudou Construção Civil na ´Escola Superior Industrial de Luanda´ (Makarenco). Mais tarde, abandonou o sonho de ser arquitecto – que nutria desde a infância – para seguir uma carreira como artista independente.
A sua prática artística multidisciplinar transita entre a pintura, a fotografia e a performance em vídeo. A principal proposta do seu trabalho é a utilização do imaginário como forma de reinterpretar cenários sócio-políticos em Angola através de uma intervenção metafórica. Ao mesmo tempo que procura respostas para as suas principais questões e desconfortos, utiliza a sua expressão artística como arma contra a censura, possibilitando assim o surgimento de novos entendimentos sobre a existência do corpo e o espaço que este ocupa sob a ordem do tempo.

Por Redacção