O Festival Nacional de Cultura e Artes “Tchole” regressa à cidade do Luena entre 1 e 8 de novembro, com uma edição especial dedicada às cinco décadas da Independência Nacional. Entre colóquios, oficinas, conferências e actuações culturais distribuídas por seis palcos, o grande destaque deste ano será uma peça de teatro que homenageia o contributo das artes cénicas no desenvolvimento do país — um marco que simboliza uma nova fase para o festival.
Em entrevista à Revista Chocolate Lifestyle, o diretor-geral do Festival Tchole, Valdemar Francisco, destacou que o teatro assume, este ano, um papel de destaque dentro da programação.

“Na verdade, o teatro sempre fez parte do repertório do Festival Tchole, ainda que de forma mais tímida. Decidimos dar-lhe um destaque especial porque reconhecemos a sua força enquanto ferramenta de comunicação, reflexão e identidade cultural”, sublinhou.
Segundo o responsável, a decisão surge da necessidade de ampliar os horizontes do festival e criar um espaço de representação das narrativas locais e da história angolana, sobretudo num ano de celebração nacional.
Para Valdemar Francisco, o teatro tem um papel decisivo na valorização da cultura e no desenvolvimento artístico do Moxico, funcionando como um espelho da memória coletiva e um catalisador das tradições e das línguas locais. “É uma arte que convida à escuta, ao diálogo e à empatia. Além disso, é um terreno fértil para o surgimento de novos talentos e para a profissionalização artística, o que pode gerar impacto económico e social na região”, explicou.
A peça teatral inspirada nos 50 anos da Independência de Angola é vista como o início de uma nova fase do Festival Tchole.
“Ela marca o momento em que o teatro deixa de ser um elemento complementar para se tornar uma linguagem central dentro da programação. Queremos que o festival seja, cada vez mais, um palco onde o passado, o presente e o futuro de Angola possam ser encenados com autenticidade, coragem e criatividade”, afirmou o diretor.
Valdemar Francisco confirmou ainda que o teatro passará a ter um espaço permanente nas próximas edições do evento. “O teatro veio para ficar. Estamos a trabalhar para garantir que, nas próximas edições, haja não apenas espetáculos, mas também formação, intercâmbio entre grupos e, quem sabe, até a criação de um núcleo permanente de artes cénicas ligado ao festival”, revelou.
Com esta nova vertente, o Festival Tchole pretende emocionar, inspirar e despertar consciência crítica no público.
“Queremos que as pessoas se revejam nas histórias contadas, que se emocionem, que reflitam e se sintam orgulhosas da sua identidade cultural. Se conseguirmos isso, o impacto será profundo e duradouro”, concluiu.
