O líder da associação recreativa e cultural Chá de Caxinde lamentou a forma como a agremiação cultural foi desinstalada da sua sede, Nacional Cine-Teatro, sem o Ministério da Cultura ter observado “princípios éticos contratuais”. Numa crónica assinada no portal Kesongo, em que chama atenção do desaparecimento de um gerador da associação que evaporou na poeira das obras de restauro do espaço cultural, Jacques dos Santos revela que Filipe Zau ameaçou-o.


“Se se armarem em espertos chamo o Homem e resolvo o problema”, terá disparado como ultimato o ministro da Cultura, Filipe Silvino de Pina Zau, prometendo intervenção do colega ministro do Interior, Manuel Homem, em caso de resistência de despejo, no intento de rapidamente ver a associação livrar-se do histórico Cine-Teatro para permitir receber obras de restauro.
Jacques dos Santos mostrou-se indignado com as “duras palavras” que o custou a acreditar que vinham de um antigo companheiro de acesas tertúlias, o que o levou mesmo a cogitar que o poder cegou “o artista, o escritor, cúmplice dos nossos desabafos, crítico das makas desencantadas da nossa cultura.”, lembrou.
“O homem que me falava esquecia todo o passado partilhado no interior daquela casa, que, curiosamente o soube homenagear. Afinal é fácil esquecer, mas eu jamais esquecerei as palavras do Filipe”, observou.

A associação Chá de Caxinde foi criada em 1989, através de uma parceria com o governo angolano, foi responsável pela revitalização e gestão do Cine-Teatro Nacional, transformando-o em um espaço cultural diversificado com programação de teatro, dança, música, lançamentos de livros e outras atividades. A associação também gerenciava um espaço adjacente, o “jangal”, que servia como um local de encontro e eventos culturais. O Cine-Teatro Nacional, sob a gestão da Chá de Caxinde, tornou-se um importante centro cultural e ponto de referência na cidade de Luanda.
Por Pihia Rodrigues