Estrutura tem e é imponente. Equipamentos tem. Competência administrativa? Parece não ser este o problema. Maria Alexandra Miranda Aparício foi a primeira directora, que deu vida ao arquivo desde a década de 1980. Alexandra Aparício tem o seu nome cravejado no imponente edifício do ANA, inaugurado em 2020, por testemunhar a transição do acervo das antigas para novas instalações. Aguentou mais três anos, foi substituida por outra Professora-Doutora, Constança Ferreira de Ceita. Passados dois anos, precisamente na última terça-feira, o ministro Filipe Zau empossa novo director, Justino da Glória Ramos, também ele doutorado, em História Moderna e Contemporânea, pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Ou seja, o arquivo farta de cérebros, pelo menos na liderança, mas o funcionamento, a divulgação do que se faz lá dentro, atração de investigadores ainda é tímida volvidos cinco anos desde a inauguração do edifício no Camama, porque será?

Numa visita feita no princípio do ano passado, pudemos constatar como funciona a instituição, com destaque a pequena zona industrial e o laboratório de biologia.
O raro movimento à entrada do edifício, defronte a TPA, faz crer que a infraestrutura está por se inaugurar, alguns carros estacionados no parque, com alguma sorte passam de dez, é que podem denunciar a presença de pessoas no interior.
Portanto, tudo indica que desta vez não é dos melhores por o betão ocupar um espaço de três campos de futebol e cinco pisos. Certamente pelos “15 quilómetros de documentação”.
Até então, a imponente infraestrutura inaugurada em 2020, funcionava com pouco mais de 80 trabalhadores, um número longe de satisfazer a necessidade laboral para qual a estrutura foi concebida. A direcção revelou que eram precisos um mínimo de 200 funcionários para dinamizar a estrutura, fazendo-nos crer que é este o cancro que enferma o ANA. Reduzido número de funcionários.

O edifício surge no âmbito da concretização da agenda do Plano de Desenvolvimento Nacional, que prevê na área da Cultura, entre outros objectivos, a implementação do Sistema Nacional de Arquivos. Tem cinco pisos, alberga 69 salas de arquivo, cinco salas de investigação para projectos de leitura, três de exposições e nove de formação, 39 escritórios, dois laboratórios e dois auditórios.
Contém acervo documental que datam desde o século XVII. São mais de 12 mil Códices (livros manuscritos). Destacam-se roteiros topográficos e de projectos das principais infraestruturas da cidade de Luanda, como o do Hospital Josina Machel.
O pergaminho é o livro mais antigo que o ANA tem nos seus depósitos de arquivo, emitido pelo Rei de Portugal D. Filipe I, em 1591, que nomeou D. Francisco de Almeida, Capitão-Mor e governador do Reino de Angola.
A documentação a ingressar no repositório tem de ter um valor histórico ou permanente, com idade até 25 anos da data da sua produção.
A nova sede do Arquivo Nacional de Angola (ANA) custou aos cofres do Estado 97 milhões de Dólares. Começou a ser erguida em 2008 e terminou em 2020, numa área de quatro hectares.


Texto: Pihia Rodrigues