“Congolândia – Universo em desencanto”, do artística angolano Thó Simões, será apresentada esta semana no festival MATE (Música, Arte, Tecnologia e Educação) que acontece na cidade de Coimbra, Portugal, de 23 a 26 de Outubro.
De acordo com Eron Quintiliano, responsável pelo festival que este ano vai na sua terceira edição internacional, a performance de Thó Simões é um dos momentos aguardados com grande expectativa.

“A obra conversa com o ADN do MATE: criação, experimentação e pensamento crítico, e traz para Coimbra a energia de uma cena angolana vibrante, inventiva e indisciplinar. Esperamos um encontro potente entre público, artistas e profissionais, capaz de abrir novas colaborações luso-angolanas”, refere.
Eron Quintiliano destacou que este ano a organização do evento recebeu mais de mil propostas; cerca de 300 foram validadas, e 33 chegaram à programação final, entre as quais “Congolândia”, destacada pela coerência entre forma, conteúdo e performance ao vivo.
“O processo curatorial equilibra originalidade e qualidade artística; relevância cultural e pertinência contemporânea; viabilidade técnica e de circulação; potencial educativo e de mediação; e diversidade geográfica e de linguagens”, considera.
O mentor do festival disse ainda que não é a primeira presença africana no MATE, mas que é uma participação angolana particularmente simbólica, pelo lugar de Thó Simões e pelo diálogo com a diáspora em Portugal.

“Em Congolândia — Universo em Desencanto, Thó Simões usa a performance para (re)pensar culturas ancestrais africanas no presente. A pintura corporal, listras, curvas e círculos, convoca ecos dos Mursi (Etiópia) e dos símbolos adinkra do Oeste africano. Ao inscrever pixo nos corpos dos performers, cria uma mensagem híbrida que propõe contracorrentes às normas colonizadoras e às adulterações históricas que moldaram corpos e linguagens”.
Fazem parte da performance o artista multifacetado Massokolo Bokolo, a bailarina Milca Ngangula e o percussionista Maurício Pedro, todos residentes em Portugal.
Para este ano, a programação integra vozes afro-lusófonas em música, artes visuais, cinema (MMVA) e ações educativas. Destaque para a participação doutro angolano, o artista plástico Hamilton Babu, que estreia na exposição inédita “GO To MATE”, em colaboração com a artista brasileira Marina Junq, com 12 obras (seis de cada) inspiradas no lambe-lambe e no simbolismo Angola–Brasil–Portugal, em diálogo direto com o propósito do festival.
O angolano Luzingo participa igualmente numa dupla com a portuguesa Kenny Caetano num live set que cruza afro-beat e saxofone com eletrónica, refletindo a vitalidade da diáspora angolana em Lisboa.
Da África lusófona são ainda esperados os artistas Patche di Rima, Guiné-Bissau, com um showcase musical, e o projecto Ubuntu Educacional, de Moçambique.

No MMVA haverá igualmente obras de criadores africanos e da diáspora, reforçando o eixo latino-americano-africano e a circulação sul–norte que o MATE vem consolidando.
O evento reserva ainda momentos como entrega de Prémios MMVA, workshops e conversas setoriais, feira e mercado criativo (artesãos, designers, marcas, lojas de discos, editoras, luthiers e tecnologia aplicada à música), entre outros.
Fundado em 2016, em Porto Alegre (Brasil), o MATE internacionalizou-se em Coimbra a partir de 2023, consolidando uma plataforma de encontro no eixo iberico-latino-africano e na circulação sul–sul. É um evento que tem permitido a circulação de artistas entre Portugal, Brasil, América Latina e PALOPs, gerando coproduções e itinerâncias.
