A Sky Gallery, no edifício da Escom, em Luanda, foi palco da estreia do espetáculo “O Vendedor de Inutilidades”, uma provocadora criação da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA), que desafia o público a reflectir sobre o impacto da tecnologia e das redes sociais na condição humana.
Dividida em quatro fases e protagonizada por nove bailarinos vestidos de negro, a obra deu corpo ao desconforto de quem não consegue acompanhar a evolução digital, à paralisia emocional diante do mundo virtual e às agressões constantes nas redes. Entre gestos intensos e movimentos expressivos, o espectáculo cativou a audiência durante uma hora, envolvida por um ambiente sonoro marcante e coreografias carregadas de simbolismo.

Andy Rodriguez, autor da peça, explicou que a inspiração surgiu de conversas com a coreógrafa Ana Clara Guerra Marques sobre as armadilhas da inteligência artificial no quotidiano. O coreógrafo alerta para a obsessão com conteúdos vazios nas plataformas digitais, chamando à atenção para o uso inconsciente da internet: “Se passamos horas somente a rolar páginas, sem produzir ou aprender, o tempo está a ser desperdiçado.”, alerta.
O público saiu impactado. A empresária Colina Traça destacou a força interpretativa dos bailarinos e defendeu maior visibilidade para a dança contemporânea angolana. A peça volta a ser apresentada hoje e amanhã, às 19h00, e terá novas exibições de 14 a 18 deste mês, no mesmo espaço.
Texto: Gracieth Issenguele