No universo do humor gráfico, o nome de Sérgio Piçarra brilha como um farol de consciência social. O lançamento da sua mais recente colectânea de cartoons, “Só Zezús”, reafirma o seu compromisso em transformar a realidade angolana em arte de intervenção. Apresentado no Hotel Fórum, em Luanda, pela editora ManKiko, o livro reúne dois anos de trabalhos publicados em plataformas como o Novo Jornal, Expansão e DW.
Segundo o autor, a essência de “Só Zezús” reside na verdade. “Eu não invento nada. São comentários, observações, humor e ironia baseados no que vivemos no país”, explicou em entrevista ao Jornal de Angola. O título, carregado de simbolismo, reflete a fé do povo angolano em dias melhores. “O povo tem orado muito para ver se ultrapassamos as dificuldades. E são makas que nunca mais são resolvidas, por isso, Só Zezús”, justificou Piçarra.
A colectânea mistura sátira e crítica social, destacando-se pelo uso de personagens icónicas como Mankiko, Fatita e Bajulino, que dão vida às angústias e esperanças da nação. Durante a apresentação, conduzida por figuras como Agostinho Nhari e os jornalistas Ilídio Manuel e Mário Paiva, o autor lamentou a falta de apoios para a publicação de obras, mas reafirmou a sua dedicação ao humor como ferramenta de reflexão.
Com títulos como “Os Prubulemas que estamos com eles” e “Gargalhada setembrina” no seu repertório, Sérgio Piçarra prova, mais uma vez, que o humor pode ser uma arma poderosa para espelhar a realidade e inspirar mudanças. “Só Zezús” é um convite a olhar para o país com olhos críticos, mas sempre com uma pitada de esperança.
Por: Gracieth Issenguele