Um estudo da Stanford Medicine, publicado esta semana na revista Science Advances, revelou resultados animadores no combate aos sintomas da Perturbação do Espectro do Autismo (PEA). Os investigadores testaram o fármaco Z944, também conhecido como ulixacaltamida, já usado no tratamento de convulsões e epilepsia e observaram melhorias significativas em modelos animais.

Com apenas uma dose, foi possível reduzir a atividade numa área do cérebro ligada a sintomas característicos do autismo, como a hipersensibilidade à luz e ao som, comportamentos repetitivos e até a maior predisposição para convulsões. O estudo demonstrou ainda que os mecanismos cerebrais que regulam epilepsia e autismo podem sobrepor-se, o que ajuda a explicar por que motivo pessoas com autismo têm até 30 vezes mais risco de desenvolver epilepsia.
Apesar do otimismo, os cientistas sublinham que ainda são necessários ensaios clínicos em humanos para confirmar a eficácia e segurança do medicamento. O Z944 ainda não está disponível para este fim, estando em fase de testes direcionados à epilepsia.
Especialistas recordam que a identificação precoce do autismo é crucial. Desde 2013, a condição é classificada como Perturbação do Espectro do Autismo, inserida no grupo das perturbações do neurodesenvolvimento, caracterizada por dificuldades de comunicação, interação social e padrões de comportamento restritivos e repetitivos.

As causas permanecem na maioria desconhecidas: estima-se que entre 75% e 80% dos casos não tenham origem identificada, embora alterações genéticas, síndromes raros e malformações cerebrais possam estar presentes em alguns diagnósticos.
Este novo fármaco poderá, no futuro, abrir caminho para tratamentos mais direcionados, capazes de aliviar sintomas que afetam profundamente a qualidade de vida de crianças e adultos com autismo.

Texto: Suzana André