A saúde auditiva continua a ser uma das áreas mais negligenciadas do bem-estar, apesar do seu impacto directo na comunicação, qualidade de vida e segurança. A exposição contínua a ruídos elevados no dia-a-dia, seja através do trânsito, do trabalho ou de dispositivos electrónicos, pode comprometer significativamente a capacidade auditiva.
Segundo a fonoaudióloga Priscilla Thompson, coordenadora da Audioclinic, “muitas pessoas não têm consciência dos limites de ruído suportáveis pelos ouvidos e da facilidade com que se pode desenvolver uma perda auditiva”. A especialista alerta que, conforme a Organização Mundial da Saúde, sons superiores a 70 decibéis (dB) durante o dia e 55 dB à noite já representam riscos à audição. “A partir dos 80 dB, a exposição prolongada pode causar danos permanentes. E ruídos acima de 120 dB situam-se no limiar da dor”, sublinha.
Problemas como os acufenos (zumbidos constantes), distúrbios do sono, irritabilidade, ansiedade e até a hiperacusia (sensibilidade extrema ao som) são algumas das consequências da exposição excessiva ao ruído. Para evitar esses efeitos, Priscilla recomenda o uso de protetores auditivos em ambientes ruidosos, a redução do volume dos auscultadores e a limitação do tempo de exposição a sons intensos.
Além disso, reforça a importância de realizar exames auditivos regularmente. “Detectar precocemente qualquer alteração auditiva permite iniciar o tratamento adequado, seja com aparelhos auditivos ou outras formas de reabilitação. Esses dispositivos não só restauram parte da audição, como também melhoram significativamente a qualidade de vida dos utilizadores, promovendo a inclusão e o bem-estar emocional.”
Natural do estado do Espírito Santo, no Brasil, Priscilla Thompson é licenciada em Fonoaudiologia pela Universidade de Vila Velha, com especialização em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e formação complementar em Aparelhos Auditivos e Linguagem. Com uma carreira dedicada à saúde auditiva, tem sido uma voz activa na sensibilização para os perigos da poluição sonora e a necessidade de cuidados auditivos preventivos.
Ouvir bem é viver melhor. A protecção da sua audição começa com informação, prevenção e acompanhamento especializado.
Texto: Suzana André