O maboque, fruto típico muitas vezes associado às raízes do interior, está a ganhar um novo protagonismo no cenário gastronómico urbano. O que antes era presença habitual apenas nas mesas das avós ou nas feiras tradicionais, agora renasce com roupagens modernas, invadindo os restaurantes mais criativos e os menus gourmet da cidade.

Chefs e empreendedores têm reinventado o uso do maboque, transformando-o em geleias artesanais, molhos exóticos, sobremesas refinadas e até cocktails de assinatura. A fruta, que carrega memória afectiva para muitos, tornou-se símbolo de um movimento que valoriza o que é nosso, sem abrir mão da inovação.
Mais do que uma tendência culinária, esta revolução é um resgate cultural. A nova geração está a descobrir (ou redescobrir) os sabores do passado, agora adaptados ao estilo contemporâneo. O maboque, com o seu sabor agridoce e textura marcante, assume assim o papel de ponte entre o ontem e o hoje entre o campo e a cidade, entre o tradicional e o cosmopolita.

Essa fusão entre tradição e modernidade não é apenas uma escolha estética ou de paladar, mas também um acto de valorização da identidade angolana. A revolução do maboque está a acontecer à mesa e veio para ficar.
Texto: Michela Silva
