Vivemos numa era marcada pelo excesso. Excesso de informação, de estímulos, de possibilidades, de escolhas. Uma avalanche que transformou o ritmo da vida em corrida contra o tempo, criando a narrativa dominante do esgotamento: o famoso burnout. Nele, o corpo e a mente “queimam” sob a sobrecarga de demandas, numa pressão produtiva que leva ao colapso.
Mas há um outro lado desse cenário, menos visível e igualmente devastador: o boreout. Se o burnout se alimenta do fogo da hiperatividade, o boreout nasce do frio da ausência. Ele não surge pela multiplicidade de tarefas, mas pelo vazio da monotonia, da falta de propósito, da subutilização de talentos. É a corrosão silenciosa de quem se sente deslocado, sem desafios, sem sentido, vivendo um tempo que se alonga como deserto.
Entre a chama que consome e o vazio que paralisa, o sujeito contemporâneo se vê diante de dois polos de sofrimento. O desafio é encontrar o equilíbrio – um espaço em que o trabalho não seja apenas exigência ou tédio, mas fonte de realização, movimento e significado.
