Em Angola, a fisioterapia está a evoluir não apenas com base em técnicas convencionais, mas também com o resgate de saberes tradicionais. Cada vez mais profissionais de saúde e terapeutas manuais reconhecem os benefícios de integrar plantas medicinais locais aos tratamentos de reabilitação física.
Ervas como o muteta, catinga-de-mulata, kinkéliba e folhas de eucalipto são usadas para aliviar dores musculares, inflamações e melhorar a circulação. Preparadas em forma de infusões, pomadas ou vapores, estas ervas são aplicadas como complemento às sessões de fisioterapia, sobretudo em zonas periurbanas e rurais, onde o acesso a equipamentos modernos ainda é limitado.

De acordo com estudos da Universidade Katyavala Bwila, estas práticas apresentam bons resultados em casos de dores crónicas, entorses e tensão muscular, sem efeitos adversos significativos quando aplicadas corretamente. Fisioterapeutas formados no país referem que, ao combinarem o conhecimento científico com as terapias naturais, conseguem respostas mais rápidas e uma maior adesão dos pacientes.
O Ministério da Saúde de Angola (MINSA) tem incentivado o reconhecimento da medicina tradicional como parte do sistema de saúde, promovendo também formações sobre o uso seguro de plantas medicinais. A integração da fisioterapia com saberes locais não só reforça a identidade cultural, como também democratiza o acesso ao cuidado terapêutico.
Num país rico em biodiversidade e cultura, esta sinergia entre ciência e tradição representa um passo promissor para a saúde preventiva e sustentável.


Texto: Suzana André