No calor vibrante da 20.ª edição do Festival Internacional de Teatro do Cazenga (Festeca), promovido pelo centro de animação artística Anim’Art, duas vozes emergem com emoção e orgulho juvenil: Albertina Helena e Lourenço Sebastião. Ambos adolescentes e munícipes do Cazenga, partilharam com a revista Chocolate Lifestyle as suas experiências no universo teatral, onde o palco se tornou uma verdadeira sala de transformação pessoal.
Albertina, que está há quase três anos no Anim’Art, começou tímida e reservada. Hoje, diz com segurança: “Consigo apresentar-me como uma grande atriz, já consigo falar muito com os outros e actuar em qualquer sítio.” Para ela, esta edição trouxe mais que conhecimento técnico: trouxe estrutura, corpo e expressão. “Faço teatro, mas não sabia como falar o texto com movimentos. Felizmente, essa formação ensinou-me”, confessa, reconhecendo que a evolução veio com persistência e apoio.
Já Lourenço, que celebra sete meses de ligação ao centro, afirma que tudo começou com a confiança do pai. “O meu pai conheceu o Anim’Art e decidiu inscrever-me. Desde então, ele sabe que mesmo quando chego tarde a casa, é do centro que saio.” O jovem poeta, criador de um projecto que leva temas como oratória e educação financeira às escolas, acredita que a arte moldou a sua postura: “Aprendi a lidar com os outros. Antes era brincalhão e arrogante. Hoje, sinto que já não sou a mesma pessoa.”
Ambos fazem parte da equipa que organiza o centro durante o festival, controlando as crianças que assistem aos espetáculos e apoiando nas actividades. Entre formações, assistências e participações, destacam-se os ensinamentos recebidos de artistas internacionais — como a professora francesa, cuja aula de declamação com sentimento os marcou profundamente. “Aprendi a declamar com sentimentos e fazer movimentos que se encontram com a palavra”, diz Lourenço.
Mais do que uma escola de artes cénicas, o Anim’Art tem-se mostrado uma verdadeira incubadora de talentos e transformação pessoal. Para Albertina, “Desistir do Anim’Art não faz parte da minha vida”. Para Lourenço, mesmo depois de adulto, “quero, pelo menos, vir fazer uma visita”.
No Festeca 2025, a arte não é apenas celebrada — é vivida, ensinada e sentida no coração da juventude angolana.


Texto: Gracieth Issenguele