O escritor e cineasta angolano Henrique Sungo lançou, em Londres, a curta-metragem “Kwanzaa”, uma obra de nove minutos que aborda a celebração africana de fim de ano realizada entre 26 de dezembro e 1 de janeiro. A produção faz uma analogia ao preconceito que muitos africanos ainda mantêm relativamente às festividades do continente, em detrimento das tradições religiosas ocidentais.

Segundo o realizador, a curta poderá evoluir para longa-metragem no próximo ano, apesar de alguns constrangimentos iniciais. “Apesar da falta de condições que Angola tem para gravações, pretendemos filmar no nosso país e em outros países africanos, afinal falamos sobre África”, sublinhou Sungo, acrescentando que encara o trabalho como uma missão cultural.
Kwanzaa, expressão em Swahili que significa “primeiros frutos”, celebra a cultura, a família, a história e os valores africanos. Criado em 1966 durante o movimento negro pelos direitos civis nos EUA, tornou-se uma oportunidade para afrodescendentes refletirem sobre os seus princípios e raízes.
A curta, coproduzida por Filipe Anjos e Jacira Ventura, conta com um elenco maioritariamente angolano. O lançamento em Londres confirma a aposta de Henrique Sungo na internacionalização do cinema africano, somando-se a outros trabalhos como o filme “Cult Fitness” e a minissérie “Tray São”, já exibidos em Angola e na diáspora.
Natural do Huambo e radicado no Reino Unido há mais de 20 anos, Sungo é cineasta, ator, guionista e escritor. Com mais de dez produções realizadas e quatro livros publicados, tem conquistado prémios como o de Melhor Documentário em Curta-Metragem no Festival de Londres (2024), além de uma menção honrosa no CineFest Angola.
Com a Santano Productions Limited, produtora que cofundou, aposta na promoção da diversidade, inclusão e identidade cultural africana. Reconhecido como uma nova tendência da cultura angolana, Henrique Sungo foi nomeado para os prémios MBCC, na categoria de “Pessoa mais inspiradora do ano”.
Com “Kwanzaa”, o cineasta reafirma o compromisso de levar ao mundo histórias africanas autênticas, transformando o cinema numa poderosa ferramenta de memória, identidade e legado.
Texto: Gracieth Issenguele