Mas corre para onde? Para quê? Para quem? Estamos todos numa pressa que já nem sabemos mais quem começou. Parece que há uma voz invisível Aempurrar-nos: “mais rápido, mais alto, mais longe”. Uma urgência descontrolada de chegar a um lugar que nem sequer definimos.
Acordamos já atrasados, engolimos o café, digitamos mensagens sem alma, executamos tarefas como robôs polidos, nas redes, todos exibem o sucesso da velocidade: “olha como consegui tudo em pouco tempo!” E nós, que ainda estamos a caminho, sentimo-nos pequenos.

Mas deixa-me perguntar: quem foi que te disse que tens de correr? A vida? Quem é a vida? Um chefe invisível? Uma entidade com cronograma?
Não, meu caro. A vida és tu. E se tu és a vida, então tu tens o controle do ritmo.
Talvez estejas cansado não de viver, mas de correr, cansado de não respirar, de não sentir o gosto da comida, o calor da conversa, o toque da música. Cansado de ser rápido e raso. Aí, de repente, toca aquela canção que parece vir de dentro, Tocando Em Frente, Canção de Fagner e Renato Teixeira:
“Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe?
Só levo a certeza, de que muito pouco sei, eu nada sei.”
E então tudo desacelera, o coração, os passos, as exigências, porque não há nada mais elegante do que ter tempo para ser. Não o tempo do relógio, mas o tempo da alma. O tempo de uma conversa sem pressa, de um café que se bebe com prazer, de um abraço que demora. “Kibidi, ” pode ser o grito da multidão, mas tu podes responder com silêncio, com pausa, com propósito, com passo firme e consciente, porque quem define o compasso não é quem grita mais alto, é quem sabe para onde vai. Wínia Silvana

A vida é feita de capítulos, não de sprints. E não há prémio por ser o mais apressado, só há risco de se perder pelo caminho.
Por isso, da próxima vez que ouvires “Kibidi!”, respira fundo. Pergunta-te: é para correr mesmo, ou para viver de verdade?
Talvez seja hora de caminhar.
Com estilo.
Com alma.
Com música no peito.
Texto: Wínia Silvana