Lembro-me como se fosse hoje, estando sentada a beber um café e lendo o Jornal de Angola, na esplanada do Belas Shopping, de ouvir duas moças a conversarem sobre o que as fazia feliz e confesso que fiquei curiosa em saber a resposta…
Na abordagem de uma, ela já era feliz, e para continuar desse modo, dizia que lhe bastavam os mínimos dos mínimos. Para ela é suficiente a saúde e o resto vem como consequência.
É então que a outra amiga exclama: – Como assim?! Saúde?! Ah isso nós temos, mas agora queres dizer-me que um bom carro, melhor do que o daquela tua colega que te humilhou não te faria feliz? Vestir a melhor roupa e deixar todas com inveja não te faria feliz? Viajar para o lugar mais caro e frequentado por famosos não te faria feliz?! Deixa disso, odeio pessoas que interiormente querem que todos as vejam, mas quando falam parece que são iguais a Madre Teresa de Calcutá. – disse ela num tom meio alto enquanto gesticulava muito olhando ao redor para ver se chamava a atenção de todos.
Calmamente a amiga dá um sorriso, suspira e diz: – Não vês nada de errado em tudo que disseste? Bem, se não vês eu explico-te. Se eventualmente tiver um bom carro será por mim e para mim, não para humilhar ninguém; se vestir a melhor roupa será para o meu bem-estar e não para comprar roupa só por comprar para deixar as outras com inveja; se viajasse para algum lugar de certeza que não seria o mais frequentado, acho que o que é muito usado chega até a perder o valor e em relação os famosos, não me aumenta nem me acrescenta. E digo mais, enquanto para ti o sinónimo da tua felicidade depender dos outros continuarás a ser infeliz, porque ao contrário do que tentas dar a entender a tua vida não é como pintas e não é com a aprovação dos outros que deves viver a tua vida. – acabou de falar, pediu a conta, pagou-a, despediu-se da amiga e foi embora.
Ficou um ambiente meio que estranho e confesso que aquelas palavras deixaram todos os presentes a reflectir sobre o quê que é a felicidade para cada um de nós, como indivíduos e não o que hoje em dia é preceituado como felicidade. Certamente que a ti também te fará refletir e com certeza se necessário for, mudar.
Não conheço a moça que teve esta atitude tão digna, mas se porventura lhe chegarem estas palavras, quero dizer-lhe em nome de todos que lá estavam presentes, MUITO OBRIGADA. É de mais pessoas como tu que o mundo precisa para que se possa valorizar os verdadeiros valores da vida, exaltando o que SOMOS (o nosso valor moral como pessoas) em detrimento do que TEMOS (bens materiais e vã vaidade)…