Acordar no meio da noite com o coração acelerado pode parecer somente um susto passageiro. No entanto, um novo estudo divulgado pelo Imperial College London, em colaboração com o UK Dementia Research Institute, sugere que episódios regulares de pesadelos podem ter impactos sérios na saúde a longo prazo, incluindo um maior risco de morte prematura antes dos 75 anos.
Apresentado recentemente no congresso da European Academy of Neurology (EAN) 2025, o estudo indica que adultos que relatam pesadelos todas as semanas têm quase três vezes mais probabilidade de falecer precocemente do que aqueles que os têm raramente. A análise baseia-se em dados recolhidos ao longo de 18 anos, envolvendo mais de 4.000 pessoas.

Mesmo após ajustes por fatores como idade, saúde mental, hábitos de vida e histórico clínico, a associação entre pesadelos frequentes e mortalidade manteve-se forte comparável ao risco do tabagismo intenso.
Dois factores principais explicam a ligação:
* Stresse crónico: as descargas químicas provocadas pelos pesadelos mantêm o organismo em estado de alerta constante, acelerando o envelhecimento biológico.
* Sono interrompido: A quebra na qualidade do sono profundo interfere nos processos naturais de regeneração celular e eliminação de toxinas.
Os investigadores analisaram ainda os chamados “relógios epigenéticos”, que avaliam a idade biológica com base em marcas no ADN. Participantes que sofriam de pesadelos frequentes apresentaram envelhecimento biológico acelerado, mesmo sem sintomas clínicos evidentes.
Pesadelos frequentes que afetam cerca de 5% dos adultos semanalmente também podem sinalizar problemas neurológicos mais sérios. Estudos anteriores já apontavam para sua ligação com doenças como demência e Parkinson, mesmo anos antes de qualquer manifestação visível.
Texto: Suzana André