O pesquisador e antropólogo português André Soares defendeu, ontem, em Luanda, que o Património Cultural Imaterial deve ser construído com o envolvimento direto das comunidades, garantindo que estas sejam protagonistas na preservação das tradições. A declaração foi feita à margem da “Conferência sobre a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial”, realizada no Palácio de Ferro pelo Instituto Nacional do Património Cultural (INPC), sob tutela do Ministério da Cultura.

Soares sublinhou que exemplos como a elevação do Fado e da Morna a Património Imaterial da Humanidade mostram que o reconhecimento internacional é mais eficaz quando as comunidades participam ativamente. O académico apontou o semba — já inscrito junto da UNESCO para classificação — como um caso que pode beneficiar desta abordagem, reforçando que “os patrimónios, se não forem feitos com as comunidades, dão mais trabalho, mas com elas o impacto é maior”.
A diretora-geral do INPC, Cecília Gourgel, considerou o encontro “necessário” para alinhar estratégias, destacando que Angola, ao ratificar a Convenção da UNESCO, assumiu o compromisso de proteger as manifestações culturais intangíveis. Apesar da adesão aquém do esperado, frisou que foram recolhidas orientações importantes para apoiar a candidatura do semba a Património Cultural Imaterial da Humanidade.
