Na constelação vibrante de talentos angolanos, Frederico Gonçalves Júnior, conhecido pelo público como Kayaya Jr., destaca-se como um profissional versátil, com presença marcante na moda, na televisão, no cinema, no teatro e na rádio. Mas, para além das luzes da ribalta, Kayaya é um homem simples, movido pela autenticidade e pelas relações humanas. Em entrevista exclusiva à Revista Chocolate Lifestyle, reflete sobre a sua jornada artística, as emoções do teatro e o impacto da peça “Eles Não Vivem Sem Mulheres”, onde assume um dos papéis mais desafiantes da sua carreira enquanto ator.
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A incursão do ator no mundo da televisão começou em 1998, com o programa “Fenómeno Moda”, transmitido pela TPA. O convite surgiu num momento inesperado, durante a Expo 98 em Lisboa, e rapidamente tornou-se um marco na sua carreira. “Foi um desafio, mas também uma oportunidade de mostrar o talento dos nossos criadores de moda ao mundo”, partilha Kayaya, com orgulho. Este primeiro passo audacioso abriu portas para novos projetos e consolidou o seu nome como apresentador, produtor e gestor de eventos.
O Retorno ao Teatro com “Eles Não Vivem Sem Mulheres”
Após anos afastados dos palcos, Kayaya Jr. reencontrou a sua paixão pelo teatro. Convidado por Vanda Pedro para integrar o elenco de “Eles Não Vivem Sem Mulheres”, o ator aceitou o desafio com entusiasmo.
“Os homens também choram, sentem, sofrem por abandono e precisam de carinho. Esta peça aborda estas questões de forma acessível, convidando o público a refletir sobre as dinâmicas emocionais do quotidiano”, explica o ator.
Na trama, Kayaya interpreta Rui, um personagem materialista que valoriza bens materiais acima de relações humanas. O ator confessou que o papel exigiu dele um mergulho profundo em emoções desconhecidas, tornando-se um verdadeiro exercício de introspeção.
Uma Sinergia de Talentos no Palco
Kayaya Júnior elogia a riqueza do elenco, que inclui nomes como Sílvio Nascimento, Wime Braúlio, Nelson Faustino, José Inacio “Imperador” e Fernando Mailoge, destacando a colaboração entre as diferentes gerações.
“Embora de gerações distintas, aprendemos muito entre nós. Esta experiência mostrou que Angola está bem servida de atores talentosos”, afirma.
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Sob a direção de Joel Mulemba e Vanda Pedro, o elenco construiu uma verdadeira fortaleza emocional, que se refletiu em nove apresentações no primeiro ano — um feito notável no teatro angolano.
O sucesso local levou a peça a brilhar num palco internacional, numa calorosa receção em São Paulo, Brasil. No entanto, levar o teatro além-fronteiras não foi tarefa fácil.
“Foi um esforço coletivo, com o apoio de benfeitores e instituições. Apresentar a peça no estrangeiro foi uma experiência única, que reforça o poder universal da arte”, enfatiza.
Para Kayaya Jr., o teatro é mais do que uma arte; é uma ferramenta de transformação social.
“O teatro dá-nos a liberdade de ser quem quisermos e de abordar temas que importam para as sociedades. Ele influencia todas as áreas da minha vida e é essencial para o meu crescimento pessoal”, reflete o ator.
Uma Reflexão para a Sociedade
No cerne de “Eles Não Vivem Sem Mulheres” está uma mensagem universal sobre a importância das relações humanas.
“A peça não é apenas um espetáculo; é um espelho que nos convida a despir as máscaras e a dialogar. Deixa questões que vão além das fronteiras de Angola, chegando a todos os países de língua portuguesa”, afirma Kayaya.
“Seja no teatro, na televisão ou na vida, o importante é tocar as pessoas e transformar, nem que seja um pouco, como elas veem o mundo”, conclui o ator, com a simplicidade que define a sua essência.
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Por: Gracieth Issenguele