“Quero que as pessoas sintam que a música ainda tem poder de curar e de unir – Lyon Patikissa, músico

Suzana André
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Nascido no Seles, Kwanza Sul, Lyon Patikissa é hoje uma das vozes mais emotivas e autênticas da nova geração musical angolana. Em entrevista exclusiva à Revista Chocolate, o artista abre o coração, revisita memórias e revela o lado mais profundo da sua arte, marcada por sentimentos genuínos e por histórias que o moldaram.

Desde cedo, a música foi o seu refúgio e identidade. Cresceu num lar cristão e descobriu na igreja a força das melodias que, ainda hoje, orientam o seu processo criativo. Lyon define-se como alguém que “sente antes de cantar”, e a sua obra espelha exatamente isso. O Ep “WIBA”, dedicado ao amigo Herculano André Nito, é um dos projectos mais pessoais da sua carreira um tributo que ainda lhe traz lágrimas sempre que o revisita.

Ao longo do percurso, inspirou-se em nomes como Afrotation, Communion, Boyz II Men, Tayc, Bonga, Totó, Irina e, de forma muito especial, Leonardo Gonçalves, cuja profundidade interpretativa influenciou a sua forma de viver a música. Navega entre Kizomba, Guetto Zouk, R&B, Soul e Afrobeat, sem nunca perder a sua essência emocional, que considera o seu maior diferencial.

O artista destaca também os desafios de estruturar a carreira com profissionalismo, reconhecendo que talento só floresce com disciplina, visão e estratégia. Esse amadurecimento abriu portas para colaborações marcantes, como a sua participação como compositor na música Karma, de Nsoki, além de trabalhos com Samuel Beat, Octávio Pro, Kletuz, Vi-Ci, Read Neutro, Lourd Gaule e, em Portugal, com a cantora Khira.

Quanto ao futuro, Lyon deseja colaborar com NGA, Ana Joyce, Matias Damásio, Melvi Lumbungululo e, num cenário ideal, com o tenor Emanuel Mendes. No plano internacional, Brandy e Boyz II Men seriam realizações de longa data.

Cuidando sempre da sua imagem com simplicidade e maturidade, o artista revela-se sensível, observador e atento ao ambiente à sua volta. O momento mais marcante da carreira continua a ser o lançamento do EP WIBA, que simboliza cura, memória e legado. 

O artista está a preparar novas músicas com uma sonoridade mais madura e internacional, mantendo a alma angolana que o distingue. Afirma que 2025 e 2026 serão anos de consolidação e expansão da sua carreira.

Os seus objetivos passam por fortalecer a base de fãs, crescer no mercado nacional e, posteriormente, levar a sua arte além-fronteiras. O impacto que deseja deixar é claro: “Quero que as pessoas sintam que a música ainda tem poder de tocar, de curar e de unir.”

Aos jovens artistas, deixa um conselho valioso: estudar, trabalhar com disciplina, respeitar a própria identidade e crescer com paciência. E termina com uma mensagem ao público: “Continuem a apoiar a música angolana. Prometo entregar arte com emoção, respeito e autenticidade. A minha caminhada é feita de verdade, e quero que cada pessoa sinta isso na minha música.”

Publicado: Miguel José

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