Durante a sua actuação no palco do Prova D’Arte, no último domingo, em Luanda, o músico Nuno Lourenço “Manecas”, diretor e vocalista da Banda Os Congas, fez um apelo contundente ao Ministério da Cultura, sobre a urgência em apoiar mais as bandas nacionais.
Em declarações ao Jornal de Angola, o artista afirmou que, nos anos 80, havia mais organização e profissionalismo porque existiam regras claras e os grupos musicais actuavam com vínculos contratuais definidos.

Para Manecas, a ausência de políticas activas voltadas para as bandas compromete a qualidade e a regularidade das apresentações. “Hoje, cada um faz o que quer. Não há regras nem limites. O Ministério da Cultura deve retomar o seu papel e apoiar as bandas como fazia antigamente”, defendeu.
Inspirada no grupo “Nona Cadência”, a Banda Os Congas é composta por músicos experientes, como Iude Prata (vocalista), Tchiwa (baixo), Francisco (solo), Pedro Kiama (tamborista), Matrack (bateria), Guelor (pianista) e Luís Braga (guitarra ritmo). Manecas fez questão de recordar o papel decisivo do solista Nuno Santos na formação dos membros da banda.
Com apenas um ensaio por semana, o grupo prepara o seu primeiro disco, mas o vocalista reconhece as dificuldades de manter uma banda ativa presentemente. “Alguns elementos não se dedicam e nem sempre comparecem”, lamentou.
Apesar dos desafios, a atuação da banda foi vibrante. Durante três horas, Os Congas interpretaram mais de 30 canções de artistas nacionais e internacionais, como Paulo Flores, Cesária Évora, Yola Semedo e Tito Paris. Manecas aproveitou o momento para homenagear Carlos Burity, sua grande inspiração no semba, ritmo que emocionou os presentes.
O músico concluiu deixando uma reflexão: “Hoje o público é mais exigente. Um dia quer uma coisa, no outro quer outra. As bandas precisam de estabilidade e de apoio institucional para evoluírem e manterem-se relevantes.”
Texto: Gracieth Issenguele