Por Gracieth Issenguele
No passado domingo, 10 de novembro, em Luanda, o músico Dom Caetano e o realizador Nguxi dos Santos enalteceram o papel da música angolana e da Comunicação Social na mobilização dos angolanos para a luta anticolonial, que culminou na conquista da Independência Nacional a 11 de novembro de 1975.
Em declarações ao Jornal de Angola, após um encontro realizado no espaço Seque Services, junto ao Campo de Ténis, na Cidadela Desportiva, Nguxi dos Santos destacou a influência dos meios de comunicação, especialmente dos programas de rádio, na divulgação das canções revolucionárias que incentivaram os angolanos a prepararem-se para a Independência. Segundo o realizador, a comunicação social desempenhou um papel fundamental na difusão das músicas de intervenção, promovendo a união do povo angolano.
“O sector cultural, particularmente os músicos, foi crucial para unir o povo angolano. A música de intervenção transmitida nos meios de comunicação sensibilizava e preparava os angolanos para a luta pela liberdade. Os músicos, dançarinos e atores contribuíram imensamente para esta união”, sublinhou Nguxi dos Santos.
Na época, a Rádio Nacional de Angola e o Jornal de Angola foram os principais veículos de divulgação destas canções, reforçando assim a importância da comunicação social no processo revolucionário.
Dom Caetano, por sua vez, destacou o papel do Agrupamento Musical Kissanguela, que esteve ativo entre 1974 e 1979, como símbolo da luta pela independência. Segundo o músico, as grandes canções de protesto e exaltação contra o colonialismo foram interpretadas durante esse período, tornando-se ícones da resistência angolana. Ele explicou que, mais do que o ritmo, a mensagem das letras era fundamental, o que exigia um cuidado especial na composição das músicas. A música, afirmou Dom Caetano, foi uma ferramenta essencial para a libertação do país do domínio colonial português. Neste contexto, o conjunto “Nzaji”, criado em Moscovo em 1964, também teve um papel importante na luta pela independência, usando a música para combater a ocupação portuguesa.
Lucas Seque, promotor de eventos e anfitrião do encontro, lembrou que a conquista da Independência não foi alcançada apenas com armas, mas também com o poder da música, que deu voz à resistência do povo. “Os grandes revolucionários viam na música uma forma de transmitir mensagens de persistência e determinação. Hoje, a cultura angolana está presente no mundo inteiro, por meio de géneros como o Semba e a Kizomba, que representam a nossa identidade”, concluiu.
Este evento reforça a importância da música como uma arma poderosa na história de Angola, onde a cultura e a comunicação se uniram para impulsionar a luta pela liberdade e construir uma nação independente.