A artista angolana Sandra Poulson inaugura no próximo dia 24 de abril a sua primeira exposição individual nos Estados Unidos, no prestigiado MoMA PS1, em Nova Iorque. Intitulada “Este quarto parece uma República”, a mostra estará patente até 6 de outubro e promete provocar reflexão e diálogo com o público internacional, a partir de uma estética ancorada no quotidiano angolano.

Nesta exposição, Poulson apresenta uma instalação inédita e obras de assemblagem que misturam mobiliário vintage, roupas e objetos domésticos para dar corpo a esculturas carregadas de memória, identidade e crítica social. Em destaque estão peças como “Cabinda Dreams”, que contrapõe símbolos da globalização à realidade rural, e uma cómoda que denuncia a presença da propaganda religiosa nas casas angolanas.
Nascida em Lisboa e com um percurso internacional entre Luanda, Londres e Amesterdão, Sandra Poulson construiu uma linguagem visual única que articula a tradição oral com estruturas políticas globais. A artista transforma objectos do dia-a-dia em discursos políticos e poéticos, num exercício de autoetnografia que revela as camadas complexas do pós-colonialismo e da decolonialidade.
A presença de Sandra Poulson no MoMA PS1 confirma o crescente reconhecimento internacional de uma geração de artistas africanos comprometidos com a memória, o território e a transformação social. Uma República simbólica em forma de quarto — e de arte.
Texto: Gracieth Issenguele