Num mundo que frequentemente dita que “menos é mais”, a estética do minimalismo tem sido vista como sinónimo de elegância e sofisticação. No entanto, uma nova perspectiva tem emergido, questionando: por que a neutralidade se tornou tão desejada? Quem decidiu que a beleza reside no contido e no apagado? Essa reflexão se torna ainda mais urgente quando observamos que acessórios e estampas vibrantes, pulseiras de coquinho, colares marcantes, turbantes e padrões exuberantes são muitas vezes vistos como excessos, enquanto uma camisa branca, um cabelo partido ao meio com coque e um brinco de pérola encarnam o que é considerado “elegante”.

O maximalismo, entretanto, vai muito além de uma mera escolha de moda. Trata-se de uma afirmação de presença, uma forma de honrar a memória ancestral costurada em cada tecido, e um gesto de espiritualidade, identidade e protesto. Vestir cores, estampas e formas marcadas não é, necessariamente, uma questão de ostentação, mas sim um grito silencioso ou nem tanto de resistência contra os padrões que por tanto tempo foram impostos para que determinados grupos se encaixassem em moldes “menos”.
O debate transcende o universo da moda. Quando escolhas aparentemente simples, como adotar o minimalismo, são feitas não por preferência pessoal, mas pela necessidade de proteção para não chamar atenção, para ser aceita, para transmitir uma falsa sensação de confiança –, revela-se a presença de um receio profundo: o de ocupar espaços que historicamente foram limitados ou negados a determinadas identidades.
Nesse contexto, o maximalismo surge como um chamado à autenticidade, um convite para que cada indivíduo se vista de acordo com seu desejo pessoal e não apenas para “caber”. Quando o maximalismo é adotado como expressão de desejo, torna-se, de fato, uma revolução silenciosa. É o acto de se afirmar, de celebrar a diversidade e de recusar a invisibilidade imposta por uma sociedade que, por tanto tempo, optou pelo “menos” como regra.
A discussão convida cada leitor a refletir: tem se vestido e se apresentado ao mundo de forma a expressar a sua verdadeira identidade, ou apenas para se adaptar e não ser visto? Afinal, quando a moda se transforma num manifesto, o resultado é uma celebração da liberdade de ser quem se é – sem medidas, sem limites e, sobretudo, com a coragem de dizer “não vou me esconder”.






Texto: Michela Silva