Em entrevista à Revista Chocolate, o escritor alerta que na literatura não é para dar recados. “Não há necessidade de fazer uma literatura militante. Não há necessidade de resolver os problemas no livro… Não é isso. Não é para dar recados. É para interessar as pessoas a pensar e falar sobre o que querem para o país”.
O autor mostra-se vigoroso e mais desejoso de fazer chegar a mensagem aos jovens, após um início de conversa hesitente e pouco interessado. Talvez pela fadiga de uma palestra de hora e meia ou pelo desconforto de revisitar o guerrilheiro-escritor. O facto é que a avidez em deixar a recomendação intensificava nessa curta entrevista.

“Não, olha, é melhor falarem com a organização…!”, esquivou Artur Carlos M. Pestana dos Santos “Pepetela” no hall do auditório da extensão da Universidade Católica, no Largo das Escolas, onde acabava de uma conferência Magistral inaugural com o tema ‘Da literatura da guerrilha às letras da Dipanda e da pós-Dipanda – o percurso de um guerrilheiro-escritor’ frente a uma bem atenta audiência, composta por estudantes e cultores da língua portuguesa.
Mas depois o escritor anuiu em dar dois dedos de conversa. Entende que embora haja dificuldades com a parte gráfica e edição, a literatura sempre cumpriu a sua função de despertar para uma sociedade justa.
“[Os escritores] quando escrevem, pensam em colocar o dedo nesse longo caminho que temos para criar, mais cedo ou mais tarde, uma sociedade justa. Acho que é isso que pode unir todos os escritores, os novos, os mais antigos, os do passado. Esse é o grande objectivo”, diz.

O escritor lembra que os livros devem sempre chamar a atenção, como foi na época da guerrilha, embora não tenha sido muito notado.
“Acho que continua. E continuará sempre. A literatura, assim como o cinema, as artes, a música chama a atenção para isso. É preciso pensar, dialogar e resolver os problemas do país. Por uma sociedade mais justa”, remata.
Primeira distinção da Cátedra
A Cátedra de Língua Portuguesa da Universidade Católica realizou, na quarta-feira, na sua extensão, no 1º de Maio, o V Fórum Internacional de Língua Portuguesa, com o tema Línguas e Letras das dipandas dos PALOP.
Pepetela recebeu a primeira Menção Honrosa da Cátedra, que também homenageou o antigo Vice-Presidente da República e docente da UCAN, Bornito de Sousa Baltazar Diogo.
Pepetela confessou sentir-se “muito feliz” por ter recebido o certificado.
Já o director da Cátedra Professor-Doutor Afonso Miguel, agradeceu o acolhimento do convite por parte de Pepetela para preleccionar na conferência Magistral.
“Desejo-lhe uma longa vida e que continue trabalhando, e que suas obras sejam frutíferas, para que as gerações actuais e futuras bebam da sabedoria de nossos mais velhos, dentro da modéstia que ele apresenta, para vir à Academia e encontrar toda esta geração para poder interagir.






