David Nzinga é um nome destacado no mundo do cinema e das artes performativas, levando consigo uma bagagem cultural rica e uma missão clara: ampliar a representatividade e criar pontes entre Angola, a Suécia e o resto do mundo. Nascido em Angola, mas criado na Suécia desde tenra idade, o ator, produtor e dramaturgo trilha um caminho impressionante no universo cinematográfico e teatral.
O seu percurso iniciou com o papel principal na série sueca Famjiljen Babajou, nomeada para o prémio Kristallen. Esse reconhecimento abriu-lhe portas, permitindo-lhe explorar tanto a interpretação quanto a produção. Em 2015, fundou a DNZ Pictures, através da qual produziu curtas-metragens premiadas como Jag Har Din Rygg e Gola Inte, ambas com mais de um milhão de visualizações no YouTube. Desde então, tem estado envolvido em grandes produções, incluindo a série policial Maria Wern, da Warner Brothers, e Glaciär, para a Viaplay, escrito por Camilla Läckberg.

Uma Voz pela Representatividade
Em entrevista à Revista Chocolate Lifestyle, David destacou os desafios enfrentados pelos atores negros na Suécia. “Poucas vezes vemos negros na televisão ou no teatro. O mesmo acontece com os realizadores, roteiristas, artistas e produtores negros. Os negros são frequentemente retratados como criminosos, imigrantes ou escravizados. Quando retratam países africanos, quase sempre mostram apenas a pobreza. Nunca mostram a beleza – a cultura, a terra, a história, a comida e as riquezas”, desabafa.
Para combater essa falta de representatividade, fundou a People of Film, uma plataforma que promove a diversidade e inclusão na indústria cinematográfica.
Também atua no conselho da CinemAfrica, fortalecendo o intercâmbio cultural entre a Suécia, Angola e a diáspora africana.
Apesar de ter crescido na Suécia, David nunca perdeu o laço com as suas raízes. Recentemente, teve uma participação especial no filme angolano “Perversos”, dirigido por Mawete, que vai a estrear em março, após um convite do ator Kayaya JR. A experiência reforçou o seu desejo de trabalhar mais no seu país natal.
“Na Suécia, a pontualidade e seguir o cronograma são fundamentais. No entanto, muitas vezes o processo de produção parece uma fábrica, onde a energia criativa pode faltar. Em Angola, senti essa energia viva, e foi incrível ver isso”, afirma. Em dezembro, filmou um projeto com uma produtora alemã em Angola e elogiou a colaboração e entusiasmo dos profissionais locais.
Projetos Futuros e Novas Conexões
O seu compromisso com Angola continua a crescer. Desde 2018, tem trabalhado na criação de parcerias entre Angola e a Suécia, principalmente através da CinemAfrica Film Festival. “Estamos a preparar algo grande para 2026”, revela.
Atualmente, David está a escrever um filme sueco-angolano que pretende filmar no próximo ano. “Será uma coprodução entre a Suécia, Angola, Bélgica e África do Sul – um filme feelgood para toda a família”, adianta.

A Mensagem para a Nova Geração
Para os jovens criadores angolanos, David deixa um conselho valioso: “Apostem localmente e contem as vossas próprias histórias. África é um continente incrível, e o futuro está aqui. Não foquem demasiado em Hollywood, mas invistam no vosso país e criem magia”.
Com uma visão clara e um compromisso inabalável, David Nzinga continua a construir pontes entre Angola e o mundo do cinema, garantindo que as histórias africanas sejam contadas e apreciadas globalmente. Como ele mesmo diz: “O futuro é agora!”



Por: Gracieth Issenguele