As livrarias de Luanda resistem ao tempo, preservando o que resta da literatura infantil num mercado cada vez mais escasso. Num cenário onde o livro continua a ser um pilar cultural e educativo, a fraca procura e a distribuição limitada preocupam livreiros e educadores.
Uma ronda pela Baixa de Luanda revelou uma realidade pouco animadora. Nas livrarias 4 de fevereiro e Escolar, a literatura infantojuvenil ocupa pouco espaço e tem pouca saída. Luís Cabral, responsável da Livraria Escolar, lamenta: “Há dias em que vendemos bastante, mas outros em que não vendemos nada”. Segundo ele, a maior procura ocorre apenas em datas comemorativas, com os pais a adquirirem livros como presentes ocasionais, e não como uma necessidade educativa contínua.

Curiosamente, os títulos mais vendidos não são de autores africanos, mas sim clássicos internacionais como Oliver Twist, de Charles Dickens, e As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. A ausência de uma política estruturada de incentivo à literatura infantil nacional reflete-se no desinteresse do público e na limitação do mercado editorial.
Apesar das iniciativas governamentais para fomentar a leitura, Luís Cabral defende ações mais concretas e sustentáveis. A Política Nacional do Livro e da Leitura precisa de estratégias mais pragmáticas para estruturar o setor, incentivar escritores locais e garantir que as crianças tenham acesso à riqueza literária que pode moldar o seu futuro.

Num país onde a educação é um dos pilares para o progresso, o livro infantil não pode continuar a ser um tesouro esquecido.

Por: Gracieth Issenguele