Giorgio Armani, um dos maiores nomes da moda mundial, morreu na quinta-feira, 4, aos 91 anos, previa aposentar-se dentro de dois anos. Fundador da marca homónima, o estilista italiano revolucionou a alfaiataria e construiu um império que vai além das passarelas, com hotéis, restaurantes e até livrarias.
Segundo a página de Instagram do Grupo Armani, Il Signor Armani, como sempre foi respeitosamente chamado por colaboradores, “faleceu pacificamente, rodeado de seus entes queridos. Infatigável até o fim, trabalhou até seus últimos dias, dedicando-se à empresa, às colecções e a muitos projectos em andamento e futuros”.

Considerado o estilista mais importante da Itália e um dos maiores da história, Armani completaria 50 anos de carreira em setembro deste ano. Em entrevista ao Estúdio CBN, Vívian Sotocórno, diretora de moda da Vogue, conta que ele ficou conhecido por criar uma alfaiataria mais leve e elegante, que quebrou padrões rígidos da moda masculina nos anos 1970 e conquistou também o guarda-roupa feminino. Foi dos primeiros estilistas a vestir celebridades em grandes premiações, prática que hoje move a indústria da moda.
“Ele ia todos os dias ao escritório, aprovava cada decisão e era exigente até com a maquiagem das modelos antes dos desfiles. Foi um criador que trabalhou até o fim”, disse.
Ao longo da carreira, Armani se recusou a vender a marca para grandes conglomerados, como aconteceu com outras marcas de moda. Sempre defendeu a independência criativa e empresarial, mantendo a gestão como empresa privada.
Segundo a diretora de moda da Vogue, 0 futuro da grife ainda é incerto. O estilista não nomeou oficialmente um sucessor, mas seu braço direito no masculino, Leo Dell’Orco, é apontado como possível herdeiro criativo.

Elegância significa simplicidade
Elegância, segundo Giorgio Armani, significa simplicidade. Esse princípio, aplicado com grande aclamação ao longo de uma carreira de cinco décadas, produziria ternos minimalistas campeões de vendas e transformaria sua marca homônima em um vasto conglomerado que produz alta costura, “prêt-à-porter”, perfumes e decoração.
“Essa é uma fraqueza minha que afeta tanto minha vida quanto meu trabalho”, disse ele em 1990 ao documentário “Made in Milan”, de Martin Scorsese, sobre ele. “Estou sempre pensando em acrescentar algo ou tirar algo. Na maioria das vezes, tirando algo.” “Não suporto exibicionismo”, completou.
Apesar de ser um dos maiores estilistas do mundo, guardava cuidadosamente sua privacidade e mantinha um controle rígido sobre a empresa que criou, mantendo sua independência e trabalhando com um grupo pequeno e confiável de membros da família e associados de longa data.
Primeira colecção de roupas
Armani estreou sua primeira coleção de roupas masculinas em 1975 e logo se tornou popular na Europa. Cinco anos mais tarde, ele conquistou o coração da elite dos Estados Unidos quando vestiu Richard Gere para o filme “Gigolô Americano”, de 1980, dando início a uma longa associação com Hollywood.

“Nunca usei drogas, mas para mim a adrenalina que recebo do meu trabalho é melhor do que qualquer alucinação ou efeito artificial. É uma espécie de orgasmo (se é que posso usar essa expressão)”, escreveu ele em “Per Amore”.
Em outubro de 2024, ele disse ao jornal Corriere della Sera, da Itália, que planeava se aposentar nos próximos dois ou três anos, pois acabara de completar 90 anos. O tratamento hospitalar para uma doença não revelada o obrigou a perder desfiles de moda pela primeira vez em sua carreira em junho e no início de julho deste ano.
A câmara funerária será montada de sábado a domingo em Milão, na Via Bergognone 59, dentro do Armani/Teatro. De acordo com seu desejo, o funeral será realizado em privado.

Fontes: Reuters, G1, CBN