Os desafios e dilemas éticos da comunicação social em Angola ganham um novo olhar crítico na obra ‘O Jornalismo de Encomenda’, da autoria de frei José Paulo, apresentada esta quinta-feira, em Luanda. Com foco nos estudantes de Comunicação Social, sobretudo da Faculdade de Ciências Sociais, onde leciona, o autor lança luz sobre uma prática que compromete a credibilidade da imprensa: o uso premeditado do jornalismo para fins pessoais ou políticos.

Segundo José Paulo, “o jornalismo de encomenda é a prática onde a profissão é usada para atacar reputações ou manipular a opinião pública”, alertando para os riscos que este fenómeno representa não só para os profissionais, mas também para a própria democracia angolana.
Resultado de uma investigação iniciada em 2010, a obra, com 161 páginas e cinco capítulos, oferece não só uma análise rigorosa do período entre 2000 e 2010, como também propõe soluções concretas para uma prática jornalística mais ética e responsável. O livro inclui ainda entrevistas exclusivas com figuras de peso como William Tonet, Reginaldo Silva e Luísa Rogério, que partilham experiências marcantes do jornalismo angolano durante a guerra e a reconstrução.
Para José Paulo, “o jornalismo não pode ser apenas um instrumento, tem de ser um compromisso com a verdade”, sublinhando a importância de formar uma nova geração de profissionais comprometidos com os valores éticos da profissão.